Antes da semana passada, Erling Haaland tinha um histórico paradoxal contra o Real Madrid: nunca havia marcado contra os espanhóis em quatro jogos, mas também nunca havia perdido para eles. O Manchester City venceu a semifinal da Champions League 2022/23 por 5 a 1 no agregado, mas caiu nas quartas de final do ano passado nos pênaltis após dois empates.
O jejum finalmente acabou na última terça-feira, quando Haaland marcou duas vezes na primeira partida do mata-mata. No entanto, ironicamente, sua melhor atuação individual contra o Madrid coincidiu com a pior exibição coletiva do City e um novo colapso tardio, deixando o time de Pep Guardiola com tudo por fazer para seguir vivo na Europa.
Recuperado de uma lesão sofrida contra o Newcastle, Haaland agora busca seu primeiro gol no Santiago Bernabéu. Mas terá um desafio enorme pela frente: Antonio Rudiger.
O alemão ficou fora do jogo de ida por conta de uma lesão no tendão, mas Carlo Ancelotti confirmou que ele estará de volta ao time na quarta-feira (19). E isso é um problema para o City, que nunca venceu o Real Madrid quando Rudiger foi titular.
Para Haaland, as notícias são ainda piores. Em maio de 2023, na primeira vez que se enfrentaram no Bernabéu, o norueguês vivia uma temporada de estreia espetacular pelo City e estava prestes a se tornar o artilheiro da Champions. No entanto, o zagueiro alemão anulou completamente o goleador, limitando-o a apenas 20 toques na bola no empate por 1 a 1, no qual Kevin De Bruyne marcou para os ingleses. Guardiola reconheceu a dificuldade do atacante e tentou relativizar o desempenho apontando sua juventude e inexperiência.
O técnico do City disse na época: “Parabéns ao Rudiger, mas Erling, não podemos esquecer, tem 22 anos e foi a primeira vez que jogou nas semifinais da Liga dos Campeões. Pela primeira vez indo ao Bernabéu, um dos maiores palcos, contra um clube de primeira classe com bons defensores, meio-campistas e atacantes, da próxima vez será um pouco mais fácil.”
Haaland não teve a chance de uma revanche imediata, já que Ancelotti, surpreendentemente, deixou Rudiger no banco na volta e apostou em Éder Militão. O City atropelou o Madrid por 4 a 0 no Etihad, e o alemão só entrou no segundo tempo, quando a goleada já estava definida.
Ficar fora de um jogo tão importante deve ter sido um golpe duro para o alemão, que entrou motivado na revanche das quartas de final do ano seguinte. Na coletiva pré-jogo, ele deixou claro: “É pessoal para mim enfrentar um atacante como Haaland.”
Rudiger venceu a batalha mais uma vez. Haaland teve ainda menos impacto do que no ano anterior: apenas 20 toques na bola, sete perdas de posse, um único chute a gol e nenhum drible completo. O zagueiro não deu trégua, desestabilizando-o fisicamente e mentalmente a cada disputa.
“Rudiger devora Haaland” declarou o jornal Marca na manhã seguinte, e descreveu o atacante do City como “impotente”. Já o jornal AS foi ainda mais severo, observando que “apenas os substitutos participaram menos do que Haaland” enquanto chamava o norueguês de “desajeitado e desesperado”. Um escritor observou: “O ciborgue foi desativado contra Rudiger.”
A terceira rodada de Haaland contra Rudiger no Etihad foi um confronto mais equilibrado. Haaland acertou a trave, enquanto um erro no corte do zagueiro alemão resultou no gol de empate de De Bruyne para o City. No entanto, Rudiger teve a palavra final, convertendo o pênalti decisivo que levou o Real às semifinais e a caminho da sua segunda conquista da Liga dos Campeões em três anos, além de sua 15ª conquista europeia.
A quarta rodada promete ser outro duelo interessante entre o zagueiro e o centroavante. Rudiger pode estar sem ritmo, já que este será seu primeiro jogo de volta após ser forçado a sair ainda no 15º minuto contra o Espanyol, em 15 de fevereiro. Haaland, por sua vez, retomou sua forma artilheira, tendo marcado nove gols e dado duas assistências nos últimos 10 jogos. E agora ele conta com um parceiro de ataque igualmente perigoso, que deixará Rudiger e seus companheiros de defesa do Madrid com mais uma preocupação.
Omar Marmoush jogou apenas quatro minutos, mais os acréscimos, no primeiro confronto, mas chega a Madri com confiança nas alturas após seu hat-trick contra o Newcastle. O egípcio foi o segundo maior fornecedor de gols e assistências das cinco principais ligas europeias, ficando atrás apenas de Mohamed Salah, quando se juntou ao City vindo do Eintracht Frankfurt em janeiro. Seu triplete contra os Magpies o levou a 22 gols na temporada, além de 11 assistências. Juntos, Marmoush e Haaland somam 49 gols e 14 assistências em 2024-25 — e não são apenas os números que devem preocupar o clube merengue.

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