A área de garimpo na Terra Indígena Yanomami cresceu 7% em 2023 e atingiu um total de 5.432 hectares. É o que aponta um relatório do ISA (Instituto Socioambiental) e da Hutukara Associação Yanomami divulgado nesta sexta-feira, que classifica as ações do governo federal na região como “insuficientes” para neutralizar a atividade em sua totalidade.
O documento aponta ainda que a atividade mineradora continua a produzir “efeitos nocivos” para o bem-estar da população indígena, mesmo com o estado de emergência de saúde decretado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em janeiro do ano passado. O estudo utiliza informações do SMGI (Sistema de Monitoramento do Garimpo Ilegal), dados fornecidos pela organização ambiental Greenpeace e entrevistas com residentes na terra indígena.
O resultado aponta uma desaceleração na taxa de crescimento da área degradada, em comparação com o avanço nos períodos anteriores, nos quais as taxas anuais foram de 42% (2018-2019), 30% (2019-2020), 43% (2020-2021), 54% (2021-2022). “No entanto, este incremento (7%) revela, também, que a atividade ilegal continua operando com intensidade no território”, pondera o relatório.
Território impactado pelo garimpo
Ao todo, 21 das 37 regiões das TI Yanomami tiveram registros de desmatamento associado ao garimpo em 2023: Alto Catrimani, Alto Mucajaí, Apiaú, Arathau (Parima), Auaris, Balawau, Demini, Ericó, Hakoma, Homoxi, Kayanau (Papiu), Maturacá, Missão Catrimani, Palimiu, Papiu (Maloca Papiu), Parafuri, Surucucus, Uraricoera, Waikás, Waputha e Xitei.
As regiões de Alto Catrimani, Alto Mucajaí, Apiaú, Auaris, Homoxi, Kayanau (Papiu), Maturacá, Missão Catrimani, Palimiu, Papiu (Maloca Papiu), Uraricoera, Waikás e Xitei também tiveram confirmadas as presenças de garimpos ilegais ativos. Enquanto, na região do Baixo Catrimani o monitoramento identificou a presença de balsas não detectáveis por satélite.
A região mais devastada foi a do rio Couto de Magalhães, que totalizou, ao longo de todo o ano passado, 78 hectares destruídos por conta da atividade. O rio Mucajaí, uma das rotas fluviais usadas para chegar ao garimpo, foi a segunda região mais impactada, com 55 hectares, e a terceira foi a área do rio Uraricoera, também conhecido por ser rota de garimpeiros, que registrou 32 hectares devastados em 2023.
O relatório aponta que a insistência da atividade ilegal na região está relacionada ao relaxamento das ações de repressão, especialmente depois que as forças armadas assumiram um maior protagonismo nas operações, no segundo semestre do ano passado.
“Se no primeiro semestre, o conjunto de operações e medidas de controle de acesso ao território, contribuíram para a saída de boa parte dos invasores (estima-se que algo em torno de 70% a 80% do contingente de 2022), no segundo semestre, com o relaxamento das ações de repressão, especialmente depois que as forças armadas assumiram um maior protagonismo nas operações, observou-se a reativação e a intensificação da exploração em diversas zonas”, diz o estudo.
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