Viriato inventa a reforma sem licitação em Tutóia: um desafio ao bom senso administrativo

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Em mais um exemplo do que se pode chamar de “gestão criativa”, o prefeito Viriato Cardoso anuncia nas redes sociais (amigas) a reforma da sede da prefeitura. Ao que tudo indica, os responsáveis pela obra decidiram, de forma “nada convencional”, dispensar o tão indispensável processo licitatório.
Afinal, por que se prender a formalidades quando se pode simplesmente reinventar a roda, ou melhor, reformar a sede sem se preocupar com detalhes legais?

Pois bem, desse jeito, a tomada de decisão, que certamente fará história nos anais da administração pública, parece ter sido tomada num lampejo de genialidade: ignorar a obrigatoriedade de um certame público e seguir em frente com a reforma como se a transparência e a competitividade fossem meros adereços para orçamentos humildes como o da cidade. Quem precisa de um edital licitatório quando se tem a absoluta convicção de que o “jeitinho” administrativo resolve tudo, não é mesmo?

Essa “licitação invisível” – que só pode ser chamada assim por não aparecer em nenhum órgão oficial – serve de pano de fundo para reflexões profundas sobre o compromisso com a legalidade. Enquanto a sociedade clama por transparência e rigor na aplicação dos recursos públicos, os gestores parecem ter adotado uma postura quase cega: reformar a sede com a mesma audácia com que ignoram os trâmites legais, embalados por argumentos que beiram o surrealismo.

No espírito de uma piada sem graça, poderíamos dizer que, se a prefeitura fosse um personagem de uma comédia, estaria protagonizando a cena clássica em que o diretor, decidido a inovar, resolve dispensar o roteiro para improvisar um final surpreendente – mesmo que, nesse caso, o final possa deixar o público perplexo quanto à real necessidade e custo da obra.
Enquanto isso, os cidadãos, que acompanham os fatos com o ceticismo de quem já viu de tudo, se perguntam: “Onde estará a prestação de contas se nem licitação houve? Onde está o processo licitatório que garanta a seleção da proposta mais vantajosa para o erário?” A resposta, inevitavelmente, é que essa peça fundamental do quebra-cabeça administrativo foi deixada de lado – ou, melhor, tornou-se invisível aos olhos da população. Será que conseguirá passar despercebido dos órgãos de controle?
A ausência de um processo licitatório não apenas desafia os preceitos da transparência, mas também revela uma ousada tentativa de encantar os admiradores do improviso governamental. Afinal, se o objetivo é modernizar a sede da prefeitura a qualquer custo, por que perder tempo com formalidades que, segundo alguns, só atrapalhariam o curso natural dos “recursos extraordinários” da municipalidade?

No fim das contas, essa reforma sem licitação se torna um verdadeiro espetáculo de ironia administrativa. Uma narrativa onde a legalidade é dispensada com a mesma naturalidade com que se distribuem os “penduricalhos” que, supostamente, aprimoram o serviço público. Resta apenas aguardar os próximos capítulos dessa epopeia – talvez um dia possamos, brindar à transparência que insiste em faltar onde mais se espera encontrá-la.

 

 

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Da Redação

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