O custo de manter um parlamentar no Brasil ultrapassa os R$ 3 milhões por ano — valor que coloca o país no topo do ranking entre as democracias ocidentais quando o assunto é gasto com deputados e senadores. A cifra, que soma salário, verbas de gabinete, auxílio-moradia, cota parlamentar e outros benefícios, supera com folga o custo de congressistas de países como Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido, revelando um desequilíbrio que há anos desperta críticas de especialistas em contas públicas.
Enquanto no exterior os gastos indiretos são centralizados, controlados e submetidos a regras rígidas, o modelo brasileiro permanece fragmentado e generoso. Só o salário base de um deputado federal é de R$ 46,3 mil por mês, valor que cresce rapidamente com a adição de verbas mensais como a cota parlamentar, a verba de gabinete e o auxílio-moradia. No total, cada parlamentar custa em média R$ 273 mil por mês — cerca de R$ 3,2 milhões por ano — mais que o triplo do valor pago pelos Estados Unidos, onde não existe repasse direto de verbas individuais e os custos operacionais são administrados pelo próprio Legislativo.
O resultado é um peso expressivo para os cofres públicos: o Congresso Nacional consome mais de R$ 1,9 bilhão por ano apenas para manter seus 594 parlamentares. Em um país marcado por desigualdade, contas públicas pressionadas e serviços essenciais enfraquecidos, especialistas defendem que a solução não está em cortar salários, mas em redesenhar o sistema de verbas, impor limites nacionais, reduzir excessos e ampliar a transparência. A discussão é urgente: sem uma revisão profunda do modelo, o custo da representação política continuará distante da realidade brasileira — e da eficiência exigida pela sociedade.

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