O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou nesta segunda-feira (6) que renunciará ao cargo que ocupa desde 2015. Ele permanecerá como premiê até que um novo líder seja escolhido. Decisão ocorre após crise política que se aprofundou nos últimos meses.
Trudeau anunciou sua renúncia à liderança do Partido Liberal, de centro-esquerda. “Cada osso do meu corpo sempre me disse para lutar, porque me importo profundamente com os canadenses”, declarou. Decisão foi anunciada em Ottawa, capital do Canadá, durante coletiva de imprensa hoje.
Trudeau ressaltou que já pediu ao presidente do partido para iniciar a seleção para um novo líder. “Estamos em um momento crítico no mundo”, disse. O premiê fez o mesmo discurso alternando para o francês – que também é língua oficial do país.
O primeiro-ministro canadense citou que tem “um arrependimento”. “Se tenho algum arrependimento, especialmente à medida que nos aproximamos desta eleição – bem, provavelmente vou pensar em muitos arrependimentos. Mas gostaria que tivéssemos sido capazes de mudar a forma como elegemos os nossos governos neste país, para que as pessoas pudessem simplesmente escolher uma segunda opção, ou uma terceira escolha na mesma votação”.
Justin Trudeau, 53, chegou ao cargo em 2015. A sua renúncia estimula novos apelos por uma eleição rápida para estabelecer um governo estável, que seja capaz de lidar com a administração do presidente eleito dos EUA Donald Trump pelos próximos quatro anos.
Decisão de deixar o cargo ocorre antes de uma reunião de emergência com legisladores liberais, que aconteceria nesta quarta-feira (8). Um número crescente de parlamentares liberais pediram publicamente desde dezembro que Trudeau renunciasse, alarmados por pesquisas pessimistas em relação à atuação do político.
Trudeau abre mão do cargo de líder do Partido Liberal do Canadá após nove anos. A saída dele deixa a legenda sem um chefe permanente em um momento em que projeções mostram uma possível derrota nas eleições de outubro.
A crise envolvendo o mandato de Trudeau se aprofundou em dezembro de 2024. Naquele mês, a ministra das Finanças do Canadá e vicê-premiê, Chrystia Freeland, pediu demissão após entrar em conflito com o primeiro-ministro em questões que incluíam como lidar com possíveis tarifas dos EUA.
A renúncia de Freeland gerou uma das maiores crises que Trudeau enfrentou desde que assumiu o poder em novembro de 2015. Além disso, também o deixou sem uma aliada importante no momento em que caminha para perder a próxima eleição para os conservadores.
Com minoria no Parlamento, Trudeau se viu frente a um descontentamento crescente em sua própria bancada. Sua popularidade foi abalada e ele foi acusado de ser o responsável pela inflação, crise de moradia e deterioração dos serviços públicos no país.
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