O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na última quinta-feira (18/12) os interrogatórios do processo em que o deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP) é acusado de ter facilitado o contrabando de produtos florestais durante sua gestão como ministro do Meio Ambiente no governo de Jair Bolsonaro.
Além de Salles, também foram interrogados na condição de réus o ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, e outros ex-integrantes da diretoria do órgão. A audiência foi conduzida pela juíza Luciana Yuki Fugishita Sorrentino, auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, e ocorreu por videoconferência.
Com o encerramento dos interrogatórios, a magistrada abriu prazo para que as defesas dos réus solicitem diligências complementares. O prazo é de cinco dias para os pedidos, seguido de igual período para manifestações sucessivas. Após essa fase, o magistrado terá até dez dias para proferir a sentença. O processo reúne 22 réus e, segundo estimativas do tribunal, o julgamento final deve ocorrer apenas em 2026.
Durante o interrogatório, Ricardo Salles afirmou que não foi o responsável pela indicação de Eduardo Bim para a presidência do Ibama, embora tenha participado da escolha de nomes para cargos diretivos do órgão. O ex-ministro argumentou ainda que as mudanças promovidas no Ibama devem ser analisadas dentro do contexto da transição governamental à época.
Segundo Salles, sua gestão representou uma ruptura com a orientação adotada por seus antecessores nas duas décadas anteriores. Ele disse que foi necessário nomear servidores com visões alinhadas à nova abordagem da pasta. “Foi a primeira vez em 20 anos que chegou ao Ministério do Meio Ambiente alguém que enxergava a questão e as soluções de maneira distinta dos 20 anos antecedentes”, afirmou.
O deputado também criticou o que chamou de postura hostil ao setor privado dentro do ministério. De acordo com ele, havia uma percepção de que empresas e segmentos industriais não eram bem-vindos na pasta ambiental. “Havia uma visão anti-setor privado no Ministério do Meio Ambiente, como se o setor privado fosse um criminoso em potencial”, declarou.


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