O empresário Orestes Bolsonaro Campos, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi absolvido hoje das acusações de tentativa de feminicídio contra a ex-mulher e de homicídio contra o então namorado dela, em 2020. Ele, no entanto, foi condenado por lesão corporal pelo Tribunal do Júri, em São Paulo.
O que aconteceu
Orestes foi condenado a quatro meses de prisão em regime aberto por agressão. O mesmo tribunal, porém, o absolveu das denúncias de que o empresário teria tentado matar a ex-mulher e o então companheiro dela.
Defesa de Orestes diz que “Justiça foi feita”. O advogado Sergei Cobra defende que o caso deveria ter sido ser tratado desde o início como agressão e não tentativa de homicídio. “Ele foi condenado por lesão corporal, admitimos que foi uma agressão desde o inicio. Não foi uma tentativa de homicídio nem de feminicídio”,
Denúncia do Ministério Público aponta que empresário teria entrado na casa da ex-companheira durante a madrugada usando chave antiga do imóvel. O sobrinho do ex-presidente teria invadido a residência enquanto ela e o namorado dormiam com o filho, segundo o MP. O caso ocorreu em 2020, na Barra do Turvo, a cerca de 320 quilômetros de São Paulo.
Em seguida, Orestes teria atacado homem com pedaço de madeira e, na sequência, sacado uma arma e efetuado um disparo, conforme o MP. O ataque ocorreu de surpresa e impossibilitou qualquer defesa por parte da vítima, ainda de acordo com a denúncia do órgão. Depois da agressão, a mulher teria fugido com o filho no colo e buscado ajuda.
Arma disparou acidentalmente, alega advogado do empresário. “Ele é CAC, estava se separando, entrou na casa, não gostou do que viu [a ex-mulher com o companheiro dela], e partiu para cima dele. Não foi uma tentativa de feminicídio. Ele estava armado quando brigaram, os dois pegaram na arma. A arma, por sua vez, chegou a disparar acidentalmente”, afirmou Cobra.
Defesa também nega que cliente acessou casa de ex com chave antiga do imóvel. “Ele abriu a porta e entrou”, disse ainda à reportagem. E acrescentou sobre o cliente: “Ele está emocionado, foi uma briga de família”.
Júri teve início às 10h de hoje, ouviu oito testemunhas e o réu. O UOL apurou que a ex-mulher de Orestes foi a primeira a ser ouvida no julgamento. Na sequência, a juíza ouviu o então companheiro dela em 2020, Valmir Júlio de Oliveira Júnior. Depois, foram ouvidas as demais testemunhas. O debate entre acusação e defesa teve início por volta das 15h e a leitura da sentença foi feita pela juíza Márcia Mayumi Okoda Oshiro após às 20h.
Caso chegou à capital após Tribunal de Justiça acatar pedido de transferência de comarca feito pelo Ministério Público em 2024. O órgão alegou que a família Bolsonaro exerce forte influência política e econômica no Vale do Ribeira, o que poderia comprometer a imparcialidade de um júri popular na região, conforme apurado pelo jornal Folha de S.Paulo.
Condenação em 2020
Sobrinho de Bolsonaro foi condenado em outro processo por agressão contra uma ex-namorada, também em 2020, em Registro (SP). Nesse caso, a Justiça determinou uma pena de quatro meses em regime aberto e determinou pagamento de indenização por danos morais.
Denúncia do MP apontou que ele agrediu a então companheira, à época com 17 anos, em setembro daquele ano. Segundo o documento, ele puxou o cabelo da vítima e a arrastou pelo chão. À época, a jovem disse à Justiça que se relacionava com o sobrinho do ex-presidente esporadicamente.
Ex-namorada teria encontrado um ex durante uma festa. Orestinho, como é conhecido, tentou agredir também o rapaz, mas teria sido contido por outras pessoas. Depois, a ex-namorada do empresário conseguiu entrar no carro do ex-companheiro para fugir. Antes disso, porém, ela foi agredida por ele e ficou com marcas na coxa, no joelho e na cabeça, ainda de acordo com o MP.
À Justiça, ele negou as acusações. Na versão de Orestes, ele teria flagrado os dois se beijando e o ex-namorado é que teria tentado agredi-lo e ele apenas teria se defendido.
Empresário afirmou que ex-namorada teria tentado interferir para defender o ex-namorado e acabou sendo empurrada. A juíza Barbara Chinen disse que as lesões constatadas pela perícia são incompatíveis com a versão apresentada pelo sobrinho do presidente e que as provas são robustas para condená-lo. Ele então foi condenado a pagar uma indenização de R$ 15 mil à jovem.

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