Picanismo, alotriofagia e picamalácia são alguns dos nomes para a Síndrome de Pica, um transtorno caracterizado pelo desejo de mastigar substâncias que não têm valor nutricional. Isso inclui objetos e até itens como pedra, giz e terra.
Mariana Ramos, professora de psicologia, explica ao Metrópoles que, por mais que seja incomum, a Síndrome de Pica atinge mais crianças pequenas, mulheres grávidas e indivíduos com condições neuropsiquiátricas, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou deficiência intelectual.
“Para ser considerada patológica, essa prática deve ocorrer por, pelo menos, um mês de forma recorrente, em idade que já não seja esperada (geralmente após os dois anos). Também não deve estar relacionada a práticas culturais ou falta de alimento”, diz a profissional.
De acordo com a psicóloga Natália Aguilar, o nome curioso vem do latim pica pica, um tipo de pássaro conhecido por comer tudo. “Apesar das pessoas degradarem um pouco a gravidade da síndrome por conta do nome, é preciso dar atenção porque pode trazer complicações bem sérias para a saúde”.
Causas
Natália e Mariana contam que as causas da Síndrome de Pica são multifatoriais e podem envolver:
- Deficiências nutricionais: falta de ferro, zinco e outros minerais.
- Questões do neurodesenvolvimento: maior prevalência em crianças com TEA, TDAH e deficiência intelectual, ou quadros psiquiátricos.
- Aspectos emocionais e ambientais: negligência, privação afetiva ou ambientes de alta vulnerabilidade social.
- Fatores comportamentais: busca de autorregulação frente à ansiedade ou ao estresse.
“A ingestão de substâncias inadequadas pode trazer sérios riscos à saúde, como intoxicação, infecções parasitárias, obstruções gastrointestinais, lesões dentárias e traumas na mucosa oral. Há ainda um comprometimento nutricional por substituição de alimentos adequados”, evidencia a psicóloga Mariana Ramos.
Tratamento
Segundo a especialista em psicologia da saúde Natália Aguiar, o tratamento da Síndrome de Pica envolve, geralmente, uma abordagem multiprofissional. Médicos, psicólogos, nutricionistas e psiquiatras podem estar envolvidos, dependendo da causa.
Entre as estratégias utilizadas, destacam-se:
- Estimulação do equilíbrio de deficiências nutricionais.
- Psicoterapia, com destaque para a Terapia Cognitivo-Comportamental.
- Intervenções familiares para orientação dos cuidadores e do manejo.
- Educação em saúde, com foco na prevenção de riscos e estímulo de hábitos alimentares adequados.
“O olhar integrado da equipe de saúde, aliado à avaliação precoce, é essencial para compreender os fatores envolvidos e elaborar estratégias de intervenção seguras e eficazes, promovendo o bem-estar e o desenvolvimento saudável da pessoa”, finaliza Mariana, professora do Centro universitário Afya Itaperuna.
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