O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi absolvido ontem no Senado no julgamento de impeachment, com o apoio de praticamente todos os republicanos, maioria na casa. Dos 100 senadores, 52 republicanos consideraram o presidente inocente de abuso de poder (apenas Mitt Romney votou contra, ao lado dos democratas) e 53 o livraram da acusação de obstrução do Congresso, no processo iniciado em 18 de dezembro na Câmara de Representantes controlada pelo Partido Democrata. Anteriormente, a Câmara dos Representantes havia decidido pelo impeachment de Trump, por causa da pressão feita pelo presidente para que a Ucrânia investigasse um rival político, o ex-vice-presidente Joe Biden. O processo teve quase três semanas de audiências.
O presidente Trump anunciou que fará um pronunciamento ao meio-dia no horário local (14h de Brasília) na Casa Branca. “Farei uma declaração amanhã às 12h da Casa Branca para discutir a vitória de nosso país sobre essa farsa de impeachment”, escreveu Trump no Twitter. A absolvição já era dada como certa, mas será a senha para que Trump acelere sua campanha visando a reeleição.
A Casa Branca celebrou a absolvição de Donald Trump em seu processo de impeachment, considerando o veredicto como “uma isenção completa” e denunciando mais uma vez uma “caça às bruxas” dirigida por seus adversários democratas. “O presidente está contente de deixar para trás este último capítulo de comportamento vergonhoso dos democratas”, disse a porta-voz da presidência, Stephanie Grisham.
Já o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que a absolvição de Trump “virtualmente não tem valor” devido à maioria republicana ter se negado a ouvir as testemunhas durante o julgamento político. “Agora que os republicanos rejeitaram um julgamento justo, a verdade é o grande asterisco na absolvição do presidente”, disse Schumer a jornalistas. “O asterisco diz que ele foi absolvido sem (apresentar) fatos. Foi absolvido sem um julgamento justo. E significa que sua absolvição virtualmente não tem valor” acrescentou.
Fala no Congresso Na noite de terça-feira, Trump aproveitou seu discurso sobre o Estado da União, perante o Congresso para exaltar suas conquistas, reais e imaginárias. Em sua fala de uma hora e 18 minutos, o inquilino da Casa Branca elogiou o desempenho de seu governo e proclamou “o grande retorno” dos Estados Unidos, em alusão ao lema da sua campanha.
O presidente afirmou que as suas políticas econômicas, criticadas por seus adversários políticos sob justificativa de que prejudicariam o meio ambiente e favoreceriam os ricos, foram responsáveis pelo progresso do país. Quanto ao “grande sucesso econômico” dos Estados Unidos, Trump comentou que a sua “estratégia funcionou”, referindo-se aos acordos comerciais com a China, assim como o México e o Canadá.
Trump criticou o antecessor democrata, Barack Obama, e declarou que o seu governo reverteu a “decadência econômica” e “restaurou” o orgulho americano. “Os inimigos do Estados Unidos estão fugindo, as fortunas americanas estão aumentando e o futuro do nosso país é brilhante”, disse.
Discurso rasgado A hostilidade de Trump com a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, a quem se negou a cumprimentar ao entrar no plenário, e o tom de seu discurso despertaram ainda mais a ira dos democratas. Segundos depois de o presidente concluir sua fala, Pelosi, líder democrata no Congresso, rasgou uma cópia do discurso em momento transmitido ao vivo na televisão. Essa profunda frustração só aumentou após a votação no final da tarde nos EUA.
Para os democratas, respaldados ao menos em parte por alguns republicanos, o que Trump fez em relação à Ucrânia consistiu em um convite ilícito para que um governo estrangeiro interferisse na eleição americana. “Quando nosso presidente convida e pressiona um governo estrangeiro a difamar um adversário político e corromper a integridade das nossas eleições presidenciais de 2020, ele deve ser destituído”, argumentou ontem o senador democrata Jeff Merkley.
Porém, após semanas de julgamento, marcados pela negativa dos republicanos em usar testemunhas e documentos oficiais que pudessem respaldar a acusação, o poder de Trump não parece ter sido corrompido. O senador republicano John Cornyn ressaltou que as acusações contra Trump, que qualificou como sendo profundamente partidárias, não justificam sua saída do poder. Segundo ele, a questão deve ser resolvida nas urnas em novembro. “O impeachment de um presidente do Estados Unidos é a opção nuclear para a nossa Constituição, é o último recurso”, finalizou.
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