Senado conclui CPI da Manipulação de Jogos com três pedidos de indiciamento

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O Senado concluiu, na tarde desta quarta-feira, os trabalhos da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, comissão iniciada em abril do ano passado para investigar casos de manipulação de partidas no futebol brasileiro. Na reunião desta quarta-feira, foi aprovado o Relatório Final da comissão, que pede ao Ministério Público o indiciamento de três pessoas que, segundo as investigações, tiveram ligação com a manipulação de partidas no futebol brasileiro.

Bruno Tolentino, tio do jogador Lucas Paquetá, William Pereira Rogatto, apontado como chefe de um esquema de manipulação de jogos no Candangão de 2024 e Thiago Chambó tiveram o pedido de indiciamento aprovados no Relatório Final. Agora, cabe ao Ministério Público acolher ou não o pedido do texto votado nesta quarta-feira.

Tolentino foi ouvido pelos parlamentares em outubro de 2024, quando foi perguntado sobre transferências bancárias feitas para o atacante Luiz Henrique. Tolentino havia feito apostas combinadas em que o jogador, à época no Real Bétis, da Espanha, e Lucas Paquetá levariam cartões amarelos em partidas do Campeonato Espanhol e do Campeonato Inglês, respectivamente.

Bruno Tolentino, tio de Lucas Paquetá, ficou em silêncio durante depoimento à CPI no Senado — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Bruno Tolentino, tio de Lucas Paquetá, ficou em silêncio durante depoimento à CPI no Senado — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Documentos analisados pela CPI também indicaram que Tolentino movimentou quantias financeiras incompatíveis com o patrimônio declarado por ele. Em pouco mais de 250 transações, ele pagou a si mesmo um montante superior a R$ 800 mil.

Para justificar o indiciamento, Romário argumenta que o caso de Tolentino se enquadra no artigo 199 da Lei Geral do Esporte, que fala sobre dar ou prometer vantagem com o fim de alterar o resultado de uma competição esportiva. A pena neste tipo de caso varia entre dois e seis anos de prisão.

Senadores Jorge Kajuru e Romário são presidente e relator da CPI, respectivamente — Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Senadores Jorge Kajuru e Romário são presidente e relator da CPI, respectivamente — Foto: Roque de Sá/Agência Senado

As outras duas pessoas investigadas pela comissão que também tiveram o indiciamento pedido pela CPI foram William Pereira Rogatto e Thiago Chambó Andrade.

Rogatto foi preso pela Interpol em Dubai, em novembro do ano passado. Ele se autointitulava o Rei do Rebaixamento, e disse ter sido responsável pelo descenso de 42 equipes do futebol brasileiro por meio de esquemas de manipulação.

Thiago Chambó Andrade já era investigado pelo Ministério Público de Goiás no âmbito da Operação Penalidade Máxima, que apurou denúncias de manipulação de resultados em Goiás.

O Relatório Final afirma ainda que não pediu o indiciamento de Bruno Lopez, apontado pelo MP/GO como chefe do esquema investigado pela Operação Penalidade Máxima, por causa de um acordo de não persecução penal assinado por ele.

O relatório votado nesta quarta-feira foi o mesmo apresentado pelo senador Romário (PL/RJ), antes do carnaval. Apesar do apelo de outros parlamentares para que outras medidas fossem incluídas no texto, o relator afirmou não haver motivos para que o relatório fosse alterado.

Proposições

 

Além dos pedidos de indiciamento, o relatório final da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas trouxe ainda sugestões de modernização da legislação vigente relacionada às apostas esportivas.

Entre elas estão medidas como a tipificação do crime de fraude ao mercado de apostas, além de aumentar a pena do crime de fraude a resultado de evento esportivo, previsto na Lei Geral do Esporte.

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Da Redação

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