Presidente Juscelino é uma cidade que frequentemente aparece nas manchetes de notícias devido a irregularidades na educação do município, incluindo atrasos nos salários, escolas abandonadas e uma série de problemas em todo o município.
A equipe do Imaranhão retornou à cidade, desta vez para investigar o uso questionável de fundos públicos na área da saúde do município. De acordo com o portal da transparência, a prefeitura de Presidente Juscelino recebeu, nos meses de junho e julho, um montante de R$ 950.000,00 para custear serviços de assistência hospitalar e ambulatorial. No entanto, denúncias foram feitas à nossa reportagem, alegando que nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município não há atendimento nem medicamentos disponíveis.
De acordo com o portal, a prefeitura realizou pagamentos notáveis a fornecedores, com destaque para a SEREJO DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS, que recebeu valores como R$ 20.018,80, R$ 15.751,10, R$ 20.921,13 e, em seguida, R$ 13.312,23.
A STANPHARMA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS EIRELI também recebeu cerca de R$ 290.000,00 da prefeitura, com pagamentos que variam de R$ 13.159,55 a R$ 19.061,47.
Nossa equipe percorreu a sede do município e a zona rural, onde encontrou os maiores problemas. O primeiro povoado visitado foi Juçaral, uma comunidade pacata com cerca de 80 famílias. Ao chegarmos, nos deparamos com a UBS do município fechada em plena sexta-feira.
Conversando com os moradores, as denúncias se multiplicam, desde a falta de atendimento médico até a escassez de medicamentos básicos. A UBS só abre quando um agente de saúde faz uma lista de pessoas e a encaminha à secretaria. Além desses problemas, há também questões estruturais. Segundo relatos da comunidade, quando há atendimento, o calor dentro da unidade é sufocante, pois não há climatização.
Durante nossa visita, os moradores também destacaram problemas na educação, como a falta de merenda, a ausência de professores e uma escola recentemente reformada que está abandonada.
Os moradores expressaram seu descontentamento e chamaram a atenção do prefeito do município, que também é médico, para os problemas enfrentados pela comunidade.
Em seguida, nossa equipe se deslocou até o povoado Mata dos Caboclos, onde também recebemos notícia da falta de medicamentos na UBS e de assistência médica. Ao chegarmos ao local, a unidade estava fechada, e a situação era a mesma: atendimento apenas quando é feita uma lista de pacientes.
Conversamos com o presidente da associação do povoado, que relatou ainda mais descasos. Ele mencionou que muitas vezes a lista de pacientes é feita para o atendimento, mas em seguida, os médicos não comparecem à UBS.
Além disso, o presidente da associação relatou que um dentista frequentemente trata alguns pacientes com ignorância.
No penúltimo destino, percorremos mais de 40 minutos por uma estrada vicinal até chegarmos ao povoado Taquaris. Ao chegarmos lá, nos deparamos com a unidade básica de saúde abandonada. Além da falta de medicamentos, os moradores alegam que não há médicos disponíveis na maioria das vezes e, quando há, as consultas são muito rápidas.
Um morador que conversou com nossa reportagem afirmou que o posto não possui sistema de climatização, e durante a noite, a área em frente à unidade fica completamente escura. Ele também mencionou que, em caso de acidentes ou emergências médicas, os habitantes precisam percorrer mais de uma hora até a sede do município, o que coloca suas vidas em risco.
Retornamos à sede do município, e a situação não difere da zona rural. Fomos até a Unidade Básica de Saúde (UBS) do centro da cidade e nos deparamos mais uma vez com a unidade sem atendimento. Apesar de estar aberto, o local estava em manutenção em plena sexta-feira. Os operários nos informaram que há atendimento, mas naquele momento, o prédio necessitava de reparos.
Um homem apareceu no local dizendo ser funcionário da Secretaria de Saúde e confirmou a versão dos operários.
Enquanto estávamos gravando, recebemos informações de que o hospital municipal também enfrenta precariedades. De acordo com as informações recebidas, os exames marcados para serem realizados no hospital têm um limite de 30 por semana, sendo 15 para a zona rural e 15 para a urbana. Isso gera longas filas de espera, com muitas pessoas tendo que aguardar na frente da unidade hospitalar desde a madrugada.
Conversamos com a direção do hospital, e um diretor de nome Gabriel nos atendeu. Ele não quis conceder uma entrevista gravada, mas em off afirmou que as denúncias não são verídicas e que as aglomerações na frente do hospital são falta de bom senso, uma vez que não há necessidade, mas as pessoas fazem isso para garantir seu atendimento. Questionamos o diretor sobre um aparelho de raio-x que o hospital recebeu recentemente e nunca foi instalado. Ele respondeu que essa não é sua responsabilidade, mas sim da Secretaria de Saúde.
Procuramos a Secretária de Saúde, Viviane Arruda, em duas ocasiões durante a manhã, esperando por mais de meia hora, mas ela não compareceu. Durante a tarde, retornamos à secretaria, mas as portas estavam fechadas.
Presidente Juscelino é uma cidade com uma população trabalhadora que não mede esforços para proporcionar uma vida digna aos seus filhos. No entanto, a gestão do prefeito Dr. Pedro Paulo, médico, parece desconhecer um artigo básico da Constituição Federal do Brasil, que garante a todo brasileiro o direito a uma saúde de qualidade e digna, deixando a saúde pública de Presidente Juscelino literalmente na UTI.
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