John Textor se apaixonou pelo Botafogo e isto tem sido evidente desde 2022, quando assumiu o controle do futebol alvinegro através da SAF. Mas seríamos inocentes em acreditar que o norte-americano não entrou neste ramo para ganhar dinheiro. E em um futebol exportador, como é o do Brasil, isso se faz através de vendas de atletas.
A verdade pode doer, e a transformação do futebol em negócio muitas vezes acaba sendo um tiro na visão romântica de muitos que acompanham o esporte – sejam eles torcedores ou jornalistas. Faz sentido a venda, sob o ponto de vista do negócio (e aí são muitas as variáveis a se analisar)? Vende. Mesmo que seja um ídolo do clube.
É um pragmatismo que oferece coisas boas, evitando aquela dose de emoção que ajudou muitos dos nossos gigantes a ficarem quebrados ao longo de décadas, mas também entrega um sabor amargo, uma vez que futebol é muito sobre sentimento. De qualquer forma, ter se transformado em uma SAF, e uma SAF que vem tendo sucesso em sua curta vida, deixa ainda mais claro o caráter alvinegro como um clube que estará quase sempre em constante reconstrução.
Aconteceu em 2022, no primeiro ano da SAF, em 2023 e no histórico 2024. E segue assim em 2025. Quem achava que a transição de temporadas seria tranquila para o Botafogo após o melhor ano de sua história, com os títulos de Brasileirão e Libertadores, ficou enganado. Saíram Luiz Henrique e Thiago Almada, dois dos melhores jogadores da equipe, além de Tiquinho Soares, um dos ídolos recentes que o torcedor cultivava.
A saída mais sentida, contudo, foi a do técnico Artur Jorge, o homem que efetivamente conseguiu fazer o time mudar a chave para entrar na história como uma das melhores equipes do futebol brasileiro. Até porque, quase dois meses depois de oficializada a saída do português, o Alvinegro ficou sem um treinador. E durante este período o Botafogo sofreu, em menos de 15 jogos, o mesmo número de derrotas sofridas nos 55 embates em que teve Artur na área técnica: nove.
Muito mais do que as derrotas em si tem sido a forma como o Botafogo tem perdido estes jogos: esqueça o timaço de 2024, mesmo quando várias peças daquele esquadrão estão em campo. Neste início de 2025 o time tem sido um catadão. Nada funciona porque não há um técnico minimamente capaz para comandar o barco.
Carlos Leiria saiu das divisões de base para fazer um trabalho tão ruim no profissional, que mesmo as contextualizações pela dificuldade de herdar um time sem técnico em início de temporada não servem para justificar várias de suas escolhas – como optar por titulares importantes em gramados que são praticamente certeza de lesões em jogos contra equipes menores do Campeonato Carioca.
Cláudio Caçapa chegou depois, de volta, como auxiliar permanente, mas o banho de bola tomado contra o Racing na ida e na volta da Recopa Sul-Americana, derrota por 4 a 0 no agregado, ficou até barato dentro do que foi visto em campo.
Dizer que o clube está abandonado é, ao mesmo tempo, certo e errado. Após negativas de André Jardine, Roberto Mancini e uma confusão com Vasco Matos, de forma surpreendente, e deixando boa parte da torcida decepcionada, o técnico escolhido foi outro português: Renato Paiva, cuja passagem mais recente pelo Bahia não inspira tanta confiança. Uma aposta arriscada.
Artur (atacante), David Ricardo (zagueiro), Léo Linck (goleiro), Rwan Cruz (atacante), Jair (zagueiro), Nathan Fernandes (atacante) e Santiago Rodríguez (meia-atacante) foram as contratações para 2025 até o momento. Wendel, meio-campista do Zenit, já assinou contrato mas só chega no meio do ano.
Ao menos até aqui, os mais de R$ 500 milhões investidos em novos jogadores faz do Botafogo o time brasileiro que mais gastou em aquisições neste início de ano. Mas será que eles serão substitutos à altura de um Luiz Henrique ou Almada? Difícil e improvável que sejam. Talvez consigam, se orientados por um treinador capaz de manter o Botafogo em caminho vitorioso.
Via: GOAL
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