George Russell mostrou mais uma vez que é um tanto incompreensível a demora da Mercedes em definir a renovação de contrato para 2026. Em mais uma performance segura, ele fez valer a pole-position, não tomou conhecimento de Max Verstappen e rumou para uma vitória tranquila no GP de Singapura, realizado neste domingo (5). O neerlandês resistiu ao ataque de Lando Norris no fim e terminou em segundo, enquanto a McLaren consolidou o título no Mundial de Construtores, o décimo na Fórmula 1.
A briga roda a roda que todo mundo esperava entre Verstappen e Russell na primeira curva não aconteceu, e não foi por falta de tentativa do lado da Red Bull. Ao contrário de George, Max partiu de macios para o primeiro stint, só que tracionou mal e não ofereceu ameaça alguma ao carro #63. Para completar, ainda viu a McLaren crescer e por pouco não foi surpreendido por Norris, que partiu muito melhor que Piastri.

O duo da McLaren, aliás, protagonizou mais um show à parte no rádio, já que Norris não aliviou e tocou em Piastri, que por muito pouco não achou o muro. O que se viu dali em diante foi uma sequência de reclamações do lado do australiano, acusando o colega de ter feito um “trabalho de merda” e que “não era justo” vê-lo à frente. Mas a McLaren deu de ombros.
A decisão, portanto, ficou para a pista, e embora tenham escolhido os pneus médios para esticar o stint e tentar o undercut para cima de Verstappen, Norris e Piastri não conseguiram chegar à frente do neerlandês. Ao menos Max descontou alguns pontinhos e bateu a equipe papaia em um circuito nada favorável ao RB21.
Alheio a tudo isso, Russell só precisou ficar longe do muro para receber a bandeirada em primeiro. Em mais uma performance segura, assim como no Canadá, não desperdiçou o bom acerto encontrado pela Mercedes para equilibrar a performance tanto nas curvas de baixa quanto nas poucas retas. Nem mesmo o calorão atrapalhou o domínio do britânico.
Norris ainda pressionou bastante Verstappen nas dez voltas finais, mas mesmo reclamando muito do equilíbrio do RB21, Max resistiu e cruzou a linha de chegada em segundo. Oscar Piastri completou em quarto, e o resultado combinado deu à McLaren o campeonato de Construtores com seis etapas de antecedência.
Gabriel Bortoleto teve um domingo difícil. Já na largada, perdeu uma posição, precisou parar mais cedo para trocar o bico do carro depois da largada e ainda perdeu muito rendimento nas voltas finais. Terminou apenas em 17º, enquanto Nico Hülkenberg cometeu um erro no fim que quase causou a entrada do safety-car e terminou em 19º.
A Fórmula 1 retorna de 17 a 19 de outubro em Austin, palco do GP dos Estados Unidos.

Confira como foi a corrida da F1 em Marina Bay:
Quem vive em países de clima tropical sabe que calor intenso é sinônimo de possibilidade de chuva, e ela resolveu dar o ar da graça, ainda que forma leve, cerca de uma hora antes da largada. Não foi, porém, intensa o suficiente para deixar o asfalto em condições para pneus intermediários, portanto todos calçaram slicks, com Verstappen já partindo de macios para tentar roubar a ponta de Russell na largada.
Além de Verstappen, Hadjar, Alonso, Tsunoda, Stroll e Colapinto também optaram pelos pneus de faixa vermelha, enquanto os demais — incluindo Albon e Gasly, partindo do pit-lane — foram de médios. Nos termômetros, 29°C de temperatura ambiente, com umidade em impressionantes 81% e asfalto em 33°C.
Atenções voltadas para o instante em que as luzes se apagaram, e Russell não se intimidou nem um pouco com Verstappen, que ainda pareceu sofrer com a aderência e quase teve problemas com os carros da McLaren. O duo papaia, aliás, partiu muito bem, com destaque para Norris, que tomou o terceiro lugar de Piastri, enquanto Antonelli ainda perdeu posição para Leclerc, muito mais agressivo que Hamilton.
Mas o replay mostrou que Norris e Piastri chegaram a se tocar quando o #4 partiu para o ataque na largada. Por muito pouco, Oscar não encontrou novamente o muro. Três giros completados, Russell já emendava a volta mais rápida, abrindo 1s6 para Max. Norris, Piastri, Leclerc, Antonelli, Hamilton, Hadjar, Alonso e Bearman completavam o top-10, enquanto Bortoleto perdia uma posição e fechava a volta em 15º.
Não demorou, claro, para o rádio de Piastri tomar o protagonismo. “Então, tá tudo bem com Lando me tirando do caminho? Qual o problema?”, bradou o australiano, enquanto a McLaren limitou-se a dizer que estava “analisando”. Para os comissários, todavia, tudo não passou de um incidente de corrida, e a McLaren sinalizou que não haveria nenhum tipo de interferência do pit-wall. Piastri protestou e disse que “não era justo” Norris evitar contato com outro carro jogando-o para fora.
Enquanto o parquinho da McLaren incendiava, Russell emendava volta mais rápida em cima de volta mais rápida e já levava 3s7 de vantagem sobre Verstappen, que conseguia manter Norris a 1s7 de distância, ao menos evitando o uso do DRS. Mas o incidente com Piastri também deixou avarias na asa dianteira do carro do britânico.
Com 12 voltas completadas, a Hamilton e Hadjar eram os únicos que tinham a chance de usar a asa móvel para atacar Antonelli e Alonso, respectivamente. Só que a natureza travada do circuito urbano de Marina Bay neutralizava qualquer manobra. Na frente, a diferença entre Russell e Verstappen já era de impressionantes 7s, pilotagem tranquila do #63, e com a vantagem de fazer um stint inicial mais longo que o neerlandês por conta dos pneus médios.

A Red Bull, então, começou a se agitar nos boxes e chamou Tsunoda — também de macios — para a troca na volta 13 e calçou os duros. Bortoleto entrou junto, mas ainda precisou trocar o bico do carro depois de ser espremido na largada e danificar a asa dianteira e caiu para último. Colapinto foi na sequência, porém colocou um jogo de médios.
Volta 18, a McLaren resolveu dar um blefe, armando o pit-stop para induzir Max ao erro e aplicar o overcurt — quando o piloto que está atrás para depois e efetua a ultrapassagem nos boxes. Só que não deu certo, e os mecânicos recolheram para a garagem. Na pista, porém, Lando já baixava a distância para 1s, muito perto de finalmente entrar na zona de detecção da asa móvel.
Verstappen entrou na volta 20 para calçar os duros dentro da estimativa da Pirelli. Uma troca em 3s, e ele voltou em sétimo, à frente de Alonso. A distância para Norris era de 21s, porém ele teria a chance de buscar a diferença na pista para impedir a ultrapassagem, considerando ainda que Norris teria a possibilidade de esticar o stint até o giro 32, mas correria o risco de sofrer com o desgaste.
“Você está liberado para acelerar”, disse Lambiase a Verstappen, só que Max afirmou que “tudo parece estar contra mim” na corrida. A vantagem entre ele e Norris caía para 20s.
Na volta 25, foi a vez de Hamilton parar e voltar em nono. Russell entrou no giro seguinte, um pit-stop em 2s5, e ele retornou em terceiro, atrás da dupla da McLaren. Antonelli também parou no mesmo giro, em outro trabalho eficiente do time alemão.
Norris recebeu o chamado para a troca obrigatória de pneus na volta 26 — a estimativa inicial da Pirelli. A McLaren fez belo trabalho em 2s1, mas Verstappen recuperou o virtual segundo lugar com folga. Piastri foi na sequência, só que a troca foi em 5s2 por problemas nos pneus traseiro esquerdo e dianteiro direito. Mais um pouquinho, e tomava undercut de Leclerc.
O pit-stop de Alonso também foi um desastre, e ele voltou à pista de médios em 15º, saindo da zona de pontos. Com 29 voltas, Lawson, Stroll, Ocon, Sainz e Albon eram os únicos ainda sem paradas, sendo Lance o único de macios, rompendo a barreira dos 26 giros de limite máximo para o desempenho do C5. À frente de Lawson, portanto, estavam Hamilton, Antonelli, Leclerc, Piastri, Norris, Verstappen e Russell, seguro na ponta com 3s7 de vantagem.
Na volta 33, Bearman resolveu dar uma agitada na monotonia e começou a perseguir Sainz, que conseguia se defender por também estar a menos de 1s de Stroll. Um minitrem do DRS, portanto. Na volta 37, eis que Hadjar conseguiu ultrapassar Alonso, mas o veterano, velho de guerra, não deixou o novato nem completar um giro à frente e, numa manobra arrojada, segurando o carro o braço, recuperou o posto por fora. Pena que tudo valia somente o 13º lugar.
Antes da bela briga Alonso × Hadjar, Verstappen quase passou reto na curva 1 e viu a diferença para Russell, que já estava em 2s, aumentar para quase 5s. A reclamação era intensa por causa do carro difícil de guiar, e o erro ainda fez Norris baixar a distância para 1s4.
E Alonso aprontou mais: na volta 43, foi a vez de deixar Albon para trás e entrar de vez na zona de pontos, considerando que ainda tinha pilotos à frente sem paradas. Bortoleto também conseguiu ultrapassar Gasly em briga que também envolveu Hülkenberg, mas ainda longe do top-10.
Na frente, Norris chegou de vez em Max, que tentou usar o tráfego de carros de Stroll até Colapinto para fazer o rival perder algum tempo. Deu certo no início, mas Norris tinha em mãos um carro muito mais equilibrado, portanto não demorou importunar novamente o #1. Àquela altura, a única vantagem de Verstappen era contar mesmo com a dificuldade natural de ultrapassagem em Marina Bay.
E a história da corrida poderia ter mudado na volta 45, quando Hülkenberg quase acertou a traseira de Colapinto e rodou, mas conseguiu evitar a batida. Verstappen, então, só precisou escolher as linhas certas para segurar Norris até a linha de chegada.
F1 2025, 18ª Etapa, GP de Singapura, Marina Bay:
1 | G RUSSELL | Mercedes | 62 voltas |
2 | M VERSTAPPEN | Red Bull RBPT Honda | +5.430 |
3 | L NORRIS | McLaren Mercedes | +6.066 |
4 | O PIASTRI | McLaren Mercedes | +8.146 |
5 | A K ANTONELLI | Mercedes | +33.681 |
6 | C LECLERC | Ferrari | +45.996 |
7 | L HAMILTON | Ferrari | +80.251 |
8 | F ALONSO | Aston Martin Mercedes | +80.667 |
9 | O BEARMAN | Haas Ferrari | +93.527 |
10 | C SAINZ | Williams Mercedes | +1 volta |
11 | I HADJAR | Racing Bulls RBPT Honda | +1 volta |
12 | Y TSUNODA | Red Bull RBPT Honda | +1 volta |
13 | L STROLL | Aston Martin Mercedes | +1 volta |
14 | A ALBON | Williams Mercedes | +1 volta |
15 | L LAWSON | Racing Bulls RBPT Honda | +1 volta |
16 | F COLAPINTO | Alpine Renault | +1 volta |
17 | G BORTOLETO | Sauber Ferrari | +1 volta |
18 | E OCON | Haas Ferrari | +1 volta |
19 | P GASLY | Alpine Renault | +1 volta |
20 | N HÜLKENBERG | Sauber Ferrari |
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