A qualidade dos espermatozoides presentes no sêmen é gravemente afetada pela pressão alta, de acordo com um estudo publicado na revista científica Scientific Reports. Pesquisadores descobriram que a condição causa alterações, incluindo danos ao acrossoma, organela que facilita a penetração no óvulo.
“Um dado alarmante é que, nos últimos 50 anos, tem se observado uma redução de cerca de 50% de espermatozoides presentes no sêmen em indivíduos hipertensos ou não. Ainda não se sabe ao certo as causas do fenômeno, ou se ele vai começar a comprometer a reprodução da espécie no futuro. Por isso, todo estudo é bem-vindo, seja para reverter ou impedir que essa redução aumente”, explica Stephen Rodrigues, professor de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), que conduziu o estudo, em comunicado.
Esse efeito surge de forme precoce em homens hipertensos e se estende por toda a vida. Além disso, a hipertensão também afeta a microcirculação nos testículos a longo prazo.
“Esses resultados mostram que a hipertensão arterial tem um impacto reprodutivo que começa muito cedo e persiste durante toda a fase adulta. Mesmo períodos relativamente curtos de exposição a níveis elevados de pressão arterial já são suficientes para causar danos irreversíveis”, esclarece Rodrigues.
Os pesquisadores também analisaram se medicamentos poderiam ser usados para reverter o quadro. Foram analisados dois fármacos utilizados no tratamento contra a pressão alta: a losartana e a prazosina. A primeira não obteve sucesso em reverter as mudanças nos espermatozoides. Contudo, a segunda modificou parte dos danos observados.
“Esse achado sugere que apenas reduzir a pressão arterial não é suficiente para proteger a saúde reprodutiva. A combinação de agentes que reduzem a mortalidade com outros que preservem a função reprodutiva pode ser um caminho promissor”, pondera Rodrigues.
Para o estudo, foram utilizados ratos com diferentes faixas etárias, indo de 8 a 10 semanas, equivalente a cerca de 18 anos humanos, até 60 a 66 semanas, equivalente a 45 a 50 anos humanos.
O próximo passo, segundo a equipe, é investigar como a hipertensão afeta o epidídimo, órgão que coleta e armazena os espermatozoides. E também irão iniciar novos experimentos para averiguar se os exercícios físicos podem ser uma forma de melhorar a fertilidade em pacientes hipertensos.
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