O governo do México anunciou que, após uma conversa entre os presidentes Donald Trump e Claudia Sheinbaum, um acordo foi estabelecido para pausar a aplicação de tarifas contra produtos mexicanos. A conversa ocorreu depois de um fim de semana de tensão e de queda nas bolsas.
Segundo ela, os dois países chegaram a uma série de acordos:
O México reforçará a fronteira norte com 10.000 membros da Guarda Nacional imediatamente, para evitar o tráfico de drogas do México para os Estados Unidos, especialmente o fentanilClaudia Sheinbaum
“Os Estados Unidos estão comprometidos em trabalhar para impedir o tráfico de armas de alta potência para o México. Nossas equipes começarão a trabalhar hoje em duas vertentes: segurança e comércio”, continuou.
“As tarifas estão suspensas por um mês a partir de agora”, anunciou Sheinbaum.
Além disso, concordamos em suspender imediatamente as tarifas previstas por um período de um mês, durante o qual teremos negociações lideradas pelo Secretário de Estado Marco Rubio, pelo Secretário do Tesouro Scott Bessent e pelo Secretário de Comércio Howard Lutnick, além de representantes de alto nível do MéxicoDonald Trump
“Espero participar dessas negociações com a presidente Sheinbaum, enquanto tentamos chegar a um ‘acordo’ entre nossos dois países”, completou.
Trump indicou que também conversou pelo telefone com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e afirmou que uma nova reunião ocorrerá pela tarde. A reviravolta na guerra comercial ocorre diante de uma intensa pressão por parte de atores econômicos, empresas e investidores.
Além do acordo com o México e conversa com Trudeau, o republicano anunciou que terá negociações com a China nas próximas 24 horas. Segundo Trump, se não houver um acerto, as taxas sobre os produtos chineses serão “substanciais”. Ele ainda sugeriu que a negociação poderá envolver o Canal do Panamá. Nesta semana, o país centro-americano indicou que iria encerrar projetos chineses na região.
Trump vem sofrendo uma intensa pressão doméstica e internacional desde que anunciou as tarifas, no sábado (1º), contra México, Canadá e China. Elas entrariam em vigor a partir de terça-feira (4).
Em um gesto que demonstra a dimensão da crise comercial que pode se estabelecer, por exemplo, o governo de Ontário anunciou que rompeu os contratos com a Starlink, empresa de serviços de internet de Elon Musk. A província canadense é a maior do país, tanto em termos de PIB como população.
Nesta segunda-feira (3), o primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, anunciou nas redes sociais que está “rasgando o contrato da província com a Starlink”. “Ontário não fará negócios com pessoas empenhadas em destruir nossa economia”, disse.
Em novembro, Ontário assinou um contrato de US$ 68 milhões com a empresa de Musk, aliado de Trump. O serviço envolvia o fornecimento de internet de alta velocidade para cidades na zona rural e no norte de Ontário. Ford ainda prometeu que, a partir de terça-feira, empresas americanas não poderão mais disputar contratos públicos na sua província. “O Canadá não começou essa luta com os EUA, mas é melhor você acreditar que estamos prontos para vencê-la”, disse Ford.
No sábado, Trump anunciou a aplicação de taxas de importação de 25% contra todos os produtos canadenses e mexicanos, com exceção de energia, que seria taxada em 10%. Ele também indicou que tarifas de 10% vão entrar em vigor contra a China.
Em resposta, o Canadá anunciou retaliações, com uma lista de produtos americanos que seriam taxados e medidas adotadas contra o acesso dos EUA a certos produtos. O clima ficou tenso depois que Trump, como resposta, insistiu que anexaria o Canadá.
Mas, nesta segunda-feira, as negociações foram retomadas com Trudeau.
A conversa entre Trump e os demais chefes de governo representa uma mudança na postura do americano. No sábado, Trudeau disse que estava “tentando falar com Donald Trump” desde a posse do presidente dos EUA, mas a conversa não aconteceu.
A decisão de México, Canadá e China de indicar que não iriam simplesmente aceitar a imposição de Trump foi ainda recebida nos EUA como um sinal de que o americano pode ter mais problemas para adotar sua estratégia que seus aliados imaginavam.
As tarifas continuam sendo denunciadas por democratas como um risco para a volta de uma forte inflação no país. No Canadá, parte das sanções serão adotadas contra produtos fabricados em estados republicanos, na esperança de punir em especial aqueles que votaram por Trump.
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