Um jovem de 30 anos, que segundo a família apresenta espectro autista, foi ferido por um disparo efetuado por um policial civil durante uma abordagem na quarta-feira em Magé, na Baixada Fluminense. O rapaz teria se assustado com a presença de uma viatura policial e correu. Ele foi perseguido pelos agentes e um tiro acertou sua coxa, causando fratura exposta do fêmur de uma das pernas. Ele está internado no Hospital Geral Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias, onde foi submetido a uma cirurgia, mas segue com o projétil alojado na perna.
O rapaz ainda está com o projétil alojado e vai passar por uma nova cirurgia na terça-feira. A bala ficou próxima à veia femoral, então há um risco. Se a veia tivesse rompido, ele poderia ter vindo a óbito — afirma Anderson Ribeiro, advogado da família.
O estado de saúde dele é estável e ele está lúcido. No entanto, o jovem está muito abalado após ser baleado:
Ele está extremamente amedrontado, não quer ficar em nenhum momento sozinho no quarto do hospital. Acha que vai entrar um policial e fazer alguma coisa com ele. Ele é adulto, mas tem a mentalidade infantil. Não consegue entender muito bem porque fizeram isso com ele, se questiona o tempo inteiro e diz que não fez nada de errado. Não está conseguindo dormir direito à noite por medo. Os familiares estão se revezando para ficar com ele — destaca o advogado.
O caso aconteceu no Bairro Parque dos Artistas. Segundo familiares, a vítima estava a caminho da casa de uma irmã quando um carro da Polícia Civil se aproximou. Assustado, ele correu e foi perseguido. O jovem teria entrado em um terreno onde foi baleado por um dos policiais. Um dos agentes alegou, ao prestar depoimento, ter feito o disparo em direção ao chão porque o rapaz estaria com um pedaço de madeira nas mãos e fez um movimento para o atingir. A nota da Polícia Civil disse que a vítima foi ferida por um estilhaço. A família do ferido alegou não acreditar nesta versão e disse que o rapaz não é agressivo.
Ele tem 30 anos, mas a idade mental dele é de uma criança. Todo mundo no bairro o conhece. Não tem histórico agressivo e sempre foi dócil e simpático com todos. Ele correu porque ficou assustado. Poderiam até ter o imobilizado, mas deram tiro. Agora, está com pinos na perna, lá no hospital — disse um familiar.
Na 66ª DP (Piabetá), o caso foi registrado como lesão corporal. Três policiais estariam no carro, e segundo disseram em depoimento, estavam no local tentando cumprir um mandado de prisão expedido pela Justiça em nome de outra pessoa. Após o rapaz ser ferido por um tiro, ele foi socorrido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e, inicialmente, levado para ser socorrido na Unidade de Pronto Atendimento de Piabetá. Segundo a Polícia Civil, a corregedoria da corporação foi comunicada e acompanha a investigação.
Confira abaixo, notas da Polícia Civil e da Prefeitura de Duque de Caxias sobre o caso:
Polícia Civil:
“O caso é investigado pela 66ª DP (Piabetá). De acordo com os agentes envolvidos na ação, durante uma abordagem, o homem correu e encurralou um policial civil, que, para resguardar sua segurança e integridade física, realizou um disparo de arma de fogo na direção do solo, na tentativa de repelir a possível agressão. Um estilhaço feriu a perna do homem. Imediatamente, ele foi socorrido pelos agentes, que acionaram o Samu, e encaminhado para um hospital da região. O registro de ocorrência não foi feito pelo policial que realizou o disparo e ele não participa da investigação. O agente foi ouvido e diligências estão em andamento para apurar os fatos. A Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL) foi comunicada e acompanha a investigação.”
Prefeitura de Duque de Caxias:
“A Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Saúde e direção do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), informa que o paciente deu entrada na unidade em 10/07/2024, vítima de perfuração por arma de fogo em coxa direita. A direção do HMAPN informa que, após avaliação e exames, foi evidenciada fratura exposta de fêmur direito. O paciente passou por procedimento cirúrgico, realizado sem intercorrências. No momento, o paciente segue internado, lúcido, orientado e estável.” (O globo)
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