Um homem de 48 anos matou a ex-mulher e, em seguida, levou o corpo à delegacia para se entregar, em Modena, na Itália. Andrea Paltrinieri tocou o interfone da polícia provincial na noite desta segunda-feira e disse que estava com um corpo no carro. Os agentes confirmaram a declaração do autor do crime momentos depois. O cadáver no porta-malas era da médica Anna Sviridenko, de 40 anos, com a qual o homem foi casado e tem dois filhos.
Segundo o jornal Corriere di Bologna, a motivação do assassinato pode ter sido a disputa pela guarda das crianças, de 3 e 5 anos. Anna, que vivia na Áustria, foi morta ao buscar os filhos após uma semana na casa do pai, autor do crime. Uma reconstituição preliminar aponta que a mulher foi morta na casa do ex-marido, enquanto os filhos estavam com os avós paternos, em outro apartamento do mesmo condomínio.
O autor e a vítima do feminicídio se casaram há cerca de cinco anos. Após a separação, há mais de um ano, a mulher iniciou uma ação judicial para regular a guarda dos filhos em um tribunal da Áustria. Em maio de 2023, a Justiça decidiu pela permanência das crianças com a mãe durante a maior parte do tempo, com direito a visitas ao pai.
Em janeiro deste ano, Paltrinieri, que é engenheiro de computação, recorreu em Modena para contestar a decisão austríaca. Na mesma época, a mulher entrou com pedido de guarda definitiva.
O corpo da mulher estava no porta-malas do carro de Paltrinieri, enrolado, com um saco preto cobrindo a cabeça e preso por um fio de plástico. O primeiro depoimento do autor do crime está marcado para esta quarta-feira.
Médica e dentista, Anna se especializava em radiologia na universidade Unimore. Em nota, o reitor Carlo Adolfo Porro lamentou o crime de feminicídio, e disse que a instituição pretende colaborar nas investigações e julgamento do ex-marido da estudante.
“Nossa comunidade está arrasada com a notícia do assassinato brutal de uma de suas residentes de radiologia. Em nome de toda a Universidade, expresso as mais profundas e sentidas condolências à família e aos seus dois filhos. O feminicídio é um câncer que não podemos mais tolerar, uma vergonha que mancha a nossa humanidade, e não há meias palavras para condená-lo: é um ato vil, desumano e inaceitável. É hora de a nossa sociedade se levantar com força contra esta barbárie. A Unimore não vai ficar parada assistindo. Estaremos próximos da família da vítima neste momento de dor insuportável (…) O combate aos feminicídios passa antes de mais nada pela formação, pela cultura e pelo conhecimento. Acreditamos que através da cultura podemos construir uma sociedade mais justa e segura, livre de preconceitos e violência. Para expressar a nossa dor e a nossa solidariedade à família da vítima, anunciamos que amanhã todas as bandeiras dos edifícios universitários serão hasteadas a meio mastro”, diz a nota.
Andrea Paltrinieri segue preso e vai responder pelo crime de homicídio qualificado. ( o Globo )
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