O número dois do Hezbollah, Naim Qasem, afirmou neste domingo que o grupo xiita libanês entrou numa “nova fase” na batalha travada contra Israel desde a eclosão da guerra na Faixa de Gaza, há quase um ano.
— Entramos numa nova fase — declarou durante o funeral de Ibrahim Aqil, comandante da unidade de elite Radwan morto na sexta-feira num bombardeio israelense. — As ameaças não nos vão deter: estamos preparados para todos os cenários militares.
Qasem afirmou que os ataques perpetrados pelo Hezbollah neste domingo, quando 150 foguetes foram disparados contra instalações militares e uma base aérea perto de Haifa, maior cidade no norte de Israel, fazem parte desta nova fase do conflito, cujo objetivo é acertar “contas não resolvidas”.
Esta foi a primeira declaração oficial de um alto funcionário do Hezbollah após o ataque aéreo em Beirute, na sexta-feira, onde lideranças da milícia libanesa se reuniam para discutir a retaliação às explosões de pagers e walkie-talkies usados pelo grupo no início da semana. Segundo as autoridades libanesas, 45 pessoas morreram no atentando, entre elas pelo menos 16 membros do Hezbollah.
A tensão escalou no início da semana entre Hezbollah e Israel, que travaram uma guerra em 2006 e carregaram um longo histórico de conflito. Ao menos 37 pessoas morreram e mais de 3 mil ficaram feridas em ataques a dispositivos de comunicação analógicos, utilizados amplamente pelo grupo libanês para evitar rastreamento, em dois dias seguidos. Desde então, líderes e organizações internacionais manifestaram temores de uma guerra total no Oriente Médio.
Neste domingo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ressaltou que seu país “fará todo o possível para evitar o início de uma guerra mais ampla” no Oriente Médio, em meio ao aumento da hostilidade entre Israel e o Hezbollah.
De acordo com Qasem, só um cessar-fogo em Gaza poria fim aos ataques do Hezbollah, aliado do Hamas, ambos financiados pelo Irã. Segundo ele, “a solução militar israelense” impõe um “dilema” para Israel e os seus habitantes no norte do país.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou na terça-feira, mesmo dia em que pagers usados pelo Hezbollah foram detonados no Líbano, que o retorno dos moradores do norte do país, deslocados devido aos combatentes paralelos com Hezbollah, era uma das metas do seu governo. Na véspera, seu Gabinete havia incluído a missão em seus objetivos de guerra.
A mensagem foi reiterada por Netanyahu neste domingo:
— Se o Hezbollah não entendeu a mensagem, eu prometo a vocês, ele vai entender. Estamos determinados a devolver nossos residentes do norte em segurança para suas casas.

Um dia após o grupo terrorista Hamas lançar o ataque de 7 de outubro que deu início à guerra em Gaza, o Hezbollah abriu uma nova frente no sul do Líbano, com disparos frequentes ao norte de Israel que já levaram ao deslocamento de 150 mil pessoas. Centenas morreram e ficaram feridas em trocas de tiros quase diárias desde então.
A Defesa Civil de Israel determinou o fechamento, até a tarde de segunda-feira, de escolas no norte do país, algumas a 80 quilômetros da fronteira com o Líbano.
“Estamos sob pressão crescente do Hezbollah e vice-versa. Em Haifa, muitas escolas estão fechadas e os escritórios estão vazios”, disse Patrice Wolff, morador desta cidade portuária.
No sábado, o país fechou o espaço aéreo para o Líbano a partir da cidade de Hadera — localizada entre Tel Aviv e Haifa — até o extremo norte, onde o conflito é aberto. A medida não deve afetar os voos internacionais, segundo as autoridades. O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, anunciou que de Haifa para o norte, atividades educacionais poderão ocorrer apenas perto de abrigos, e que reuniões devem ser limitadas a 300 pessoas em ambientes fechados e 30 pessoas ao ar livre. Praias do Mar da Galileia também foram fechadas ao público.
Por outro lado, a escalada na fronteira entre Israel e o Líbano levou o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, a cancelar sua participação na Assembleia Geral da ONU em Nova York esta semana, ao mesmo tempo que pediu “o fim dos terríveis massacres israelenses”.
( o Globo )
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