Havaianas provoca ao sugerir “começar o ano com o pé esquerdo” e acende debate simbólico

Estimated read time 2 min read

Comece o ano com o pé esquerdo, sugere a Havaianas
A crença de que iniciar o ano “com o pé esquerdo” traz azar, está enraizada nas tradições de brasileiras Réveillon, que prescrevem gestos, cores e rituais como forma de garantir prosperidade no ciclo que se inicia. Práticas como vestir branco, entrar o ano com o pé direito, pular ondas e realizar pedidos, traduzem a ideia de virada, de deixar o velho para trás e seguir um novo caminho. Começar com o pé esquerdo, segundo as crenças populares, seria andar para trás, retroceder.
Ao pedir que se comece o ano com o Pé Esquerdo, a campanha da da Havaianas, opta por deixar uma tradição do imaginário nacional e tensionar esse símbolo justamente em um ano marcado por apelos à pacificação e à redução do ruído político. Ao ressignificar o “pé errado”, a marca não apenas revisita um traço cultural, mas aciona códigos já inflamados no debate público, abrindo espaço para leituras que extrapolam o território do branding e avançam sobre o campo simbólico da política.
O estranhamento está menos na ousadia e mais na origem do gesto. A Havaianas, símbolo nacional e do Brasil no exterior, construiu seu valor como marca transversal, consensual, amada e agregadora, cuja força sempre esteve na leveza e na capacidade de conversar com públicos diversos. Ao flertar com a provocação em um ambiente saturado de polarização, a campanha troca convergência por atrito, um movimento que não parece necessário para uma marca que não depende de choque nem de controvérsias para se firmar.
Ao colocar fogo em símbolos que pedem resfriamento, a Havaianas desloca o foco do seu produto para a polêmica e transforma capital afetivo em atenção circunstancial. Em um cenário que exige trégua, a escolha pelo conflito destoa da própria história da marca, que sempre caminhou melhor quando falou com todos, e não quando escolheu lados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Relacionadas

Da Redação

+ There are no comments

Add yours

Deixe uma resposta