Hamas diz ter aceitado proposta e que cessar-fogo depende de Israel

Estimated read time 4 min read

Após meses de impasses e diante da iminência de uma ofensiva terrestre contra Rafah, o Hamas disse ter aceitado nesta segunda (6) os termos para uma trégua na guerra que devasta a Faixa de Gaza. Segundo líderes da facção, o cessar-fogo agora depende de Israel para entrar em vigor. Horas depois, porém, uma autoridade israelense negou que as partes tenham chegado a um acordo, segundo a agência Reuters.

As negociações são mediadas por autoridades do Qatar, Egito e Estados Unidos. Se for implementada, a trégua será a primeira desde a pausa de uma semana nos combates que ocorreu em novembro. Desde então, acumulam-se tentativas fracassadas para interromper novamente os combates, libertar outros reféns e permitir a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza.

Khalil Al-Hayya, vice-chefe do Hamas no território palestino, disse à rede qatari Al Jazeera que o grupo aceitou uma proposta de trégua divida em três fases, cada uma delas com 42 dias de duração. Ele não divulgou, porém, detalhes do acordo ou das etapas. À agência de notícias AFP um dos líderes da facção disse apenas que agora “a bola está no campo” de Israel.

Mas autoridades israelenses desmentiram o acordo. À Reuters um funcionário do governo afirmou que a proposta inclui medidas de longo prazo que Tel Aviv não poderia aceitar. Ele afirmou também que as declarações parecem ser um estratagema para responsabilizar Israel pelos fracassos nos diálogos.

O anúncio do grupo terrorista ocorreu horas depois de os militares israelenses terem ordenado o esvaziamento de uma área de Rafah, cidade no sul do território palestino hoje superlotada de pessoas forçadas a se deslocar na guerra. Cerca de metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza estão no local.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, vem fazendo promessas reiteradas de invadir Rafah a despeito do temor manifestado por líderes globais com o aprofundamento da crise humanitária no conflito que, de acordo com o Ministério de Saúde de Gaza, já matou quase 35 mil palestinos. Segundo o premiê, a ação é necessária para eliminar os últimos redutos da facção terrorista.

 

 

 

Havia preocupações de que as negociações para cessar-fogo que estavam sendo realizadas no Cairo tivessem sido paralisadas depois que Izzat al-Rashiq, um oficial do Hamas, alertou que qualquer ação israelense em Rafah colocaria as negociações de trégua em risco. Após o anúncio da facção de que uma das propostas havia sido aceita, civis foram às ruas de cidades palestinas para comemorar.

No fim de novembro, um acordo mediado pelos mesmos atores permitiu um cessar-fogo de sete dias, nos quais 240 prisioneiros palestinos sem julgamento definitivo foram libertados, enquanto cerca de cem reféns feitos pelo Hamas no mega-atentado deixaram o cativeiro. Quase sete meses após o início da guerra, cerca de 130 pessoas sequestradas por terroristas em outubro continuam em Gaza.

Antes do início das conversas atuais, havia algum otimismo. No entanto, o diálogo tem tropeçado na demanda do Hamas por um compromisso de encerrar a ofensiva. Israel insiste que, após qualquer cessar-fogo, retomaria as operações destinadas a desarmar e desmantelar a facção.

Um funcionário israelense sinalizou que a posição central de Tel Aviv permanece inalterada, afirmando que, em nenhuma hipótese, concordaria em encerrar a guerra por um acordo para libertar reféns.

Um funcionário do Hamas, que pediu para não ser identificado, também disse que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, dificulta os esforços para que um acordo seja alcançado, devido a interesses pessoais. Israel também acusou o Hamas de obstruir as negociações.

A guerra começou depois que o Hamas surpreendeu Israel com um ataque terrorista sem precedentes em 7 de outubro, no qual 1.200 pessoas foram mortas e 252 reféns foram feitos, de acordo com contagens israelenses. Desde então, a resposta militar de Tel Aviv já matou mais de 34.600 palestinos, e mais de 77 mil ficaram feridos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. ( Folha de Sao Paulo )

 

 

 

 

 

 

 

Relacionadas

Da Redação

+ There are no comments

Add yours

Deixe uma resposta