De acordo com as informações, a CBPA teria repassado pelo menos R$ 4,5 milhões à Federação das Colônias de Pescadores e Aquicultores do MA

MARANHÃO –O Maranhão voltou ao centro das investigações da CPI do INSS, que apura um grande esquema de fraudes contra aposentados e pensionistas em todo o país. O colegiado ouve, nesta segunda-feira (3), o depoimento de Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), entidade apontada como peça-chave nas irregularidades e que mantém ligações financeiras com políticos maranhenses.
De acordo com informações do Estadão, a CBPA teria repassado pelo menos R$ 4,5 milhões à Federação das Colônias de Pescadores e Aquicultores do Maranhão. Integrantes da CPI acreditam que o montante pode chegar ao dobro desse valor, reforçando a suspeita de que o estado tenha sido um dos polos de operação do esquema.
Além dos vínculos regionais, a confederação também manteve negócios com empresas de Antônio Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e conexões com políticos de outros estados, como Rio Grande do Norte e Paraíba. A CPI avalia que a oitiva de Abraão Lincoln poderá revelar novos caminhos de investigação e esclarecer como as estruturas locais, inclusive no Maranhão, se articulavam nacionalmente.
Movimentações suspeitas e atuação da CBPA
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentações financeiras atípicas da CBPA entre 2024 e 2025. No período, a entidade movimentou R$ 410 milhões em uma conta do Banco do Brasil em Ceilândia (DF) — sendo R$ 205,5 milhões em entradas e R$ 204,4 milhões em saídas.
O documento também identificou repasses de R$ 20,3 milhões da CBPA para a Plataforma Consultoria, empresa ligada ao Terra Bank, administrado pela Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). Para os investigadores, a fintech pode ter sido usada para operacionalizar o esquema de fraudes no INSS, com desvio sistemático de recursos.
O Coaf ainda aponta indícios de lavagem de dinheiro nas transações entre a CBPA e a Federação das Colônias de Pescadores e Aquicultores do Rio Grande do Norte (Fecopesca-RN).
Operação Sem Desconto
A CBPA e seu presidente são alvos da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em abril deste ano, que investiga descontos ilegais em benefícios previdenciários. Na ação, bens da confederação e de seus dirigentes foram bloqueados.
Para a CPI do INSS, a entidade representa um dos eixos centrais da arquitetura criminosa desvendada pela PF, com impacto financeiro estimado em R$ 221,8 milhões, desviados de forma contumaz dos benefícios de aposentados e pensionistas.
Nota da CBPA
Em nota, a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura afirmou que repudia práticas fraudulentas e “reitera seu total apoio às instituições de controle brasileiras, que buscam proteger os aposentados de práticas com as quais não compactua e as quais condena veementemente”.


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