A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (21/8), a 2ª fase da Operação Oasis 14, que desmontou um esquema milionário de fraudes bancárias e contra programas sociais. A investigação aponta um prejuízo superior a R$ 110 milhões ao sistema financeiro nacional e levou à prisão de funcionários da Caixa Econômica Federal diretamente envolvidos no golpe.
O que tornou o esquema ainda mais sofisticado foi a participação de seis funcionários da Caixa e quatro de bancos privados, que atuavam de dentro das instituições financeiras para facilitar o acesso da quadrilha ao sistema bancário.
Segundo a PF, eles eram responsáveis por aprovar operações irregulares, abrir contas fraudulentas, conceder empréstimos sem garantias e manipular movimentações internas.
Sem a participação de servidores infiltrados, os mecanismos de controle da rede bancária dificilmente teriam sido burlados em escala tão grande.
Como o esquema operava
As fraudes foram estruturadas em várias camadas:
• Empresas de fachada: mais de 330 firmas fictícias foram criadas apenas para dar aparência de legalidade às operações. Algumas tinham endereços em imóveis reais, usados como fachada, mas sem qualquer atividade empresarial.
• Uso de laranjas: pessoas de baixa renda eram usadas como sócios formais das empresas. Havia ainda sócios fantasmas, cujos nomes eram inseridos sem que tivessem ciência.
• Empréstimos fraudulentos: com ajuda dos funcionários da Caixa e de bancos privados, a quadrilha simulava movimentações financeiras e obtinha empréstimos vultosos.
• Simulação de operações: a quadrilha movimentava valores fictícios entre as empresas de fachada, criando a ilusão de fluxo financeiro legítimo para enganar auditorias.
• Lavagem de dinheiro: parte dos recursos era branqueada por meio de contratos falsos e reinvestida em bens e serviços para dar aparência de origem lícita.
Somente em prejuízos já documentados contra a Caixa, a PF identificou 200 operações fraudulentas, que somam R$ 33 milhões. Mas o impacto total é ainda maior: o golpe atingiu também outros bancos privados e programas sociais, elevando a cifra para R$ 110 milhões.
Operação
Na ação desta quinta-feira, 140 policiais federais cumpriram 26 mandados de prisão e 28 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro (em oito cidades) e em São Paulo.
Os investigados, incluindo os bancários presos, responderão por organização criminosa, estelionato qualificado, crimes contra o sistema financeiro nacional, corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro.
Agora, o foco das investigações é mapear o destino dos valores desviados, rastrear possíveis novos envolvidos e recuperar parte dos ativos para reduzir o impacto financeiro causado pelo esquema.
Segundo a PF, o apoio da Corregedoria e da Centralizadora Nacional de Segurança e Prevenção à Fraude da Caixa foi essencial para o cruzamento de dados e a identificação da rede criminosa.
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