Empresa que contratou ex-nora de Lula aumentou capital em 113 vezes

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Uma empresa de tecnologia educacional investigada pela Polícia Federal (PF) aumentou o próprio capital social em 113 vezes em apenas 1 ano e 11 meses. A empresa, Life Tecnologia Educacional, foi alvo da Operação Coffee Break, da Polícia Federal (PF), nesta quarta-feira (12/11). A mesma operação cumpriu mandados de busca e apreensão contra a ex-mulher de um filho do presidente Lula (PT).

Ao cumprir o mandado de busca e apreensão na casa de Carla Ariane Trindade, ex-nora de Lula, os policiais federais foram recebidos pelo próprio Marcos Cláudio Lula da Silva, que estava no local.

A PF também realizou busca e apreensão na casa de Kalil Bittar, ex-sócio de Fábio Luís, o Lulinha. Kalil é irmão de Fernando Bittar, um dos donos do sítio de Atibaia, propriedade que era usada pelo ex-presidente e que foi investigada na Operação Lava Jato.

Dados da Junta Comercial de São Paulo mostram que a empresa Life Tecnologia Educacional tinha capital social de R$ 300 mil até maio de 2022, quando seu capital social subiu para R$ 20 milhões. Nos anos que se seguiram, a empresa continuou crescendo de forma exponencial, pulando para R$ 24 milhões em 2023, e R$ 34 milhões em 2024.

O crescimento, segundo investigações da PF, seria proveniente de contratos públicos obtidos por meio de um esquema ilegal de influência. De acordo com o Estadão, no centro desse esquema estava a ex-nora do presidente Lula – alvo da operação da PF nessa quarta (12).

Kalil e Carla seriam os responsáveis por obter influência junto ao governo federal e teriam sido contratados por André Mariano, dono da Life Tecnologia Educacional, para favorecê-lo na liberação de recursos do Ministério da Educação (MEC) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Segundo a PF, Kalil teve “grande importância e participação no sucesso empresarial” da Life Educacional, “atuando em prol dos interesses de André Mariano na ‘prospecção de negócios’”.

A empresa é acusada de ter recebido cerca de R$ 70 milhões para o fornecimento de kits de robótica e livros superfaturados de prefeituras do interior do estado de São Paulo.

A lista de presos também inclui o vice-prefeito de Hortolândia, Cafu César (PSB). Cafu trabalhou para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu em 2005, no auge do escândalo do Mensalão.

A coluna procurou a Life Tecnologia Educacional e aguarda resposta. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos investigados. O espaço segue aberto.

O que é a Operação Coffee Break

A Operação Coffee Break, deflagrada nessa quarta (12) pela PF, tem como objetivo investigar suposto esquema de fraudes em licitações públicas e desvios de recursos em contratos firmados com órgãos federais.

A ação contou com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Militar de São Paulo e resultou no cumprimento de 50 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, expedidos pela 1ª Vara Federal de Campinas (SP). As diligências foram realizadas simultaneamente em São Paulo, no Distrito Federal e no Paraná.

De acordo com as investigações, o grupo suspeito teria atuado na manipulação de processos licitatórios e na contratação direta irregular de empresas mediante pagamento de propinas e favorecimentos.

Segundo a PF, os contratos sob suspeita envolvem fornecimento de serviços e materiais a órgãos públicos federais, com indícios de superfaturamento e pagamento por serviços não prestados.

Os agentes também investigam a participação de servidores públicos e empresários, apontados como beneficiários diretos do esquema.

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Da Redação

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