O Elevador da Glória, conhecida atração turística de Lisboa, descarrilhou nesta quarta-feira (3), matando pelo menos 15 pessoas e deixando outras 18 feridas —os carros do elevador têm capacidade máxima para 42 pessoas. Segundo o jornal O Público, o acidente foi causado por um cabo de segurança que se rompeu, fazendo com que o funicular se chocasse contra um prédio.
O descarrilhamento ocorreu às 18h08, 14h08 em Brasília, quando o elevador fazia uma curva na Calçada da Glória. Cinco dos feridos estão em estado grave, segundo as autoridades, que mobilizaram 62 socorristas e 22 veículos, entre ambulâncias, caminhões de bombeiros e viaturas policiais.
Por volta das 20h30, horário local, os bombeiros conseguiram retirar todas as vítimas presas nas ferragens, disse o chefe dos bombeiros, Alexandre Rodrigues. A maioria dos feridos foi encaminhada para o Hospital São José, o mais próximo do local do acidente. O INEM (Instituto Nacional de Emergências Médicas) disse que há pessoas com sobrenomes estrangeiros entre as vítimas. Os corpos foram levados para o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses para identificação.
Imagens mostram o funicular completamente destruído após o acidente. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que ocupa cargo equivalente ao de prefeito, estava no local da tragédia. Em entrevista coletiva, Moedas não deu mais informações sobre os feridos ou a causa do acidente, dizendo apenas que “Lisboa está de luto”.
“Estou em contato direto com o primeiro-ministro [Luís Montenegro] e o presidente da República [Marcelo Rebelo]. Vieram rapidamente para o resgate as equipes dos bombeiros e do INEM. Eu os agradeço por isso. É uma enorme tragédia e um dia muito duro”, afirmou o prefeito.
João Ferreira, vereador do Partido Comunista Português que também estava no local, disse à Folha que o acidente “é inédito nessas proporções”.
“É prematuro fazer qualquer avaliação sobre possíveis falhas, é o momento agora de deixar as equipes de resgate trabalharem livremente. Alguns trabalhadores da Carris [empresa de Lisboa responsável pelo transporte urbano] têm conversado conosco demonstrando preocupação com a manutenção dos equipamentos, que são bastante antigos”, pontua o vereador. “Mas não podemos afirmar nada antes que seja feita uma avaliação cuidadosa sobre o que pode ter causado esse trágico acidente.”
Em nota, a Carris disse que o elevador estava com a manutenção em dia. “Foram realizados e respeitados todos os protocolos de manutenção. A manutenção geral é feita a cada quatro anos e ocorreu em 2022, e a reparação intercalar é concretizada de dois em dois anos, tendo a última sido em 2024. Também têm sido escrupulosamente cumpridos os programas de manutenção mensal, semanal e a inspeção diária”, afirmou a empresa em nota.
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse lamentar o acidente. “O Presidente da República apresenta o seu pesar e solidariedade às famílias afetadas por esta tragédia e espera que a ocorrência seja rapidamente esclarecida pelas entidades competentes”, afirmou em nota.
Já o primeiro-ministro, Luís Montenegro, decretou um dia de luto nacional para a quinta-feira (4), cancelou sua agenda e enviou condolências às famílias das vítimas. “O governo está, desde os primeiros momentos, acompanhando a situação e a resposta das autoridades”, disse o premiê em comunicado. “Sendo a prioridade imediata o socorro às vítimas, as autoridades competentes realizarão no devido tempo as averiguações necessárias para apurar as causas deste lamentável acidente”, concluiu.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, publicou em sua conta no X uma mensagem em português lamentando o acidente. “É com tristeza que tomei conhecimento do descarrilamento do famoso ‘Elevador da Glória’. Os meus sentimentos com as famílias das vítimas”, escreveu a alemã.
Esse é o segundo acidente nos últimos anos envolvendo o funicular, inaugurado originalmente em 1885 —ele completa 140 anos em outubro. Em 2018, em episódio que não deixou feridos, o elevador descarrilhou, mas não chegou a tombar, após uma falha de manutenção.
O Elevador da Glória percorre um trajeto de 265 metros de distância e 44 metros de altura, conectando a Praça dos Restauradores, no bairro da Baixa, ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto de Lisboa. Em 2002, foi considerado Monumento Nacional de Portugal, junto com os outros dois funiculares da capital portuguesa: o Elevador da Bica e o do Lavra. Ele transporta cerca de 3 milhões de pessoas todos os anos.
A Calçada da Glória, onde ocorreu o acidente, começa na Avenida da Liberdade, conhecido ponto turístico lisboeta que reúne as lojas de luxo da capital, com marcas como Prada, Chanel, Louis Vuitton e Armani.
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