As redes sociais nunca decepcionam em sua capacidade de transformar ajustes técnicos em espetáculos apocalípticos. O alvo da vez? O Pix, esse querido do mercado financeiro e dos brasileiros. Segundo o boato, o governo Lula estaria “taxando” transações acima de R$ 5.000 por mês. Não importa que seja mentira; o estrago foi feito. Pequenos comerciantes recusaram Pix, parlamentares da oposição inflamaram o cenário, e a narrativa ganhou mais força do que deveria.
Diante da avalanche de desinformação, na tarde dessa quarta-feira (15/01/25) o ministro Fernando Haddad anunciou a “revogação da norma da Receita Federal que motivou a confusão”. Segundo pontuou em entrevista o Ministro “Não queremos dar pretexto para a oposição continuar espalhando desinformação”.
Estratégia sensata? Talvez. Mas o episódio escancara um problema maior: a falta de compromisso com a verdade nos discursos políticos, especialmente entre setores da extrema direita que, ao tentar desestabilizar o governo, acabam prejudicando a própria economia do país.Os gritos de “quebra de sigilo” e “arrecadação desumana” ecoaram pelos discursos de Jair Bolsonaro e seus aliados, enquanto figuras como Nikolas Ferreira surfavam na onda de indignação virtual, acumulando milhões de visualizações. O resultado? A erosão da confiança em uma ferramenta de pagamento que revolucionou as transações no Brasil e o surgimento de um caos desnecessário entre os comerciantes.
Ao invés de debater políticas públicas ou propor ajustes com base em argumentos sólidos, a oposição optou pelo caminho da desinformação. Esse sectarismo irresponsável não só enfraquece a democracia, mas também gera um impacto real na vida das pessoas. Quem perde? O cidadão que, atônito, não sabe mais em quem confiar.
Haddad foi claro: a medida provisória que vem substituir a norma não será apenas uma correção técnica, mas um gesto político contra a desordem narrativa. Se os políticos que fomentaram o pânico forem responsabilizados, quem sabe o Brasil ganhe um pouco mais de responsabilidade na arena pública. Porque, convenhamos, a verdade deveria ser mais valiosa do que um post viral.
Editorial Imaranhão
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