NEPOTISMO: UMA TRADIÇÃO DE NOSSAS ADMINISTRAÇÕES
O nepotismo, é como um antigo ritual familiar que atravessa gerações e governos com a graciosidade de um jantar de domingo. Assim, enquanto alguns desavisados ainda se preocupam em fazer concursos públicos ou construir currículos, os verdadeiros visionários entendem que o sobrenome é a chave do sucesso. Afinal, por que confiar na meritocracia quando o ‘gene’ familiar pode fazer todo o trabalho pesado?
Somos todos conhecedores que, nos corredores iluminados da administração pública, o espetáculo continua confirmando essa máxima, enquanto o artigo 37, da Constituição Federal e a Súmula Vinculante 13 do STF, é claro, seguem firmes como, apenas, um lembrete decorativo e chato – aquele enfeite que ninguém tira da estante, mas que também ninguém lê: Nomear cônjuges, primos, e até o cunhado chato parece mais uma tradição cultural do que um problema constitucional. É praticamente um direito inalienável, não é mesmo?
E por que não seria? Afinal, quem melhor para ocupar um cargo de confiança do que aquela tia que trouxe a maionese para a ceia de Natal ou o primo que sabe a senha do Wi-Fi da casa do avô? CONFIANÇA É TUDO, e quem confia mais do que uma família unida por laços sanguíneos e interesses econômicos?
Eis que, em Barreirinhas, com o fracasso das tradicionais famílias que dominaram por décadas os destinos do município, surge uma nova administração municipal, cheia de promessas e gestos simbólicos. Não há familiares nomeados – ainda. Certamente, deve ser algum lapso ou atraso na burocracia. Porque, convenhamos, seria quase uma afronta à tradição secular do dito, “farinha pouca, meu pirão primeiro”, se ninguém da família se instalasse confortavelmente na máquina pública. É como um jogo sem torcida.
Enquanto isso, o Ministério Público e o STF, esses eternos estraga-prazeres, continuam lembrando que nepotismo “viola a Constituição Federal”. Que exagero! Quem melhor para interpretar a lei do que o sobrinho do prefeito, recém-formado em Direito e ansioso por sua primeira grande causa?
E assim seguimos em frente, com a esperança de que a administração pública continue sendo o que sempre foi: uma grande confraternização familiar, com cargos gratificados como os presentes no amigo secreto. E se alguém reclamar, bom, sempre dá para dizer que é “tudo legal”.
Afinal, a Constituição está aí para ser reinterpretada com criatividade, não para atrapalhar os laços de sangue.
Porque nepotismo não é corrupção – é apenas amor fraternal aplicado à gestão pública. E quem somos nós para julgar?
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