“Disseram que eu ia para o Nepal”, diz Dino sobre ameaças

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino comentou, durante a sessão da Primeira Turma na tarde desta quinta-feira (11), sobre os ataques que tem sofrido na internet.

Segundo Dino, foi necessário representar à PF (Polícia Federal) após milhares de postagens direcionadas ao ministro dizerem que ele “deveria ir ao Nepal” ou “que iam fazer o Nepal” no Brasil, com atos de “tacar fogo na casa das pessoas”.

“Ontem mesmo eu representei à Polícia Federal, porque passaram o dia milhares de postagens dizendo que eu deveria ir para o Nepal, ou que iriam fazer o Nepal aqui e que iam tocar fogo na casa das pessoas”, disse Dino.

O Nepal enfrentou, também nesta semana, uma onda de protestos que levou à renúncia do chefe de governo do país.

O primeiro-ministro do Nepal deixou o cargo depois que mais de uma dúzia de pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas durante protestos liderados por jovens, motivados pela proibição governamental a plataformas e redes sociais, casos de corrupção e questões econômicas.

As intimidações à integridade física de Dino e de outros ministros da Primeira turma começaram a se intensificar logo após o voto proferido por Dino no julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros réus denunciados pelo que seria um plano de golpe (a Primeira Turma já definiu a condenação dos réus).

Segundo o documento que o ministro encaminhou à PF, milhares de postagens em redes sociais passaram a incitar ataques letais contra ministros do STF e a seus familiares, além de sugerirem a destruição da sede do Tribunal.

Parte dessas mensagens faz alusão ao Nepal, com frases como “o Nepal mostrou para todos nós brasileiros o caminho para acabar com vocês. Anda, continuem com essa palhaçada”, em referência à onda de protestos que tomou conta do país asiático nos últimos dias.

Na representação, Dino destacou que os ataques estariam ultrapassando os limites do campo da crítica política e configuram incitação direta à violência, colocando em risco a segurança de autoridades públicas e a estabilidade institucional.

Dino solicitou que a Polícia Federal adote todas as medidas cabíveis para identificar os autores das postagens, inclusive com o uso de ferramentas de rastreamento digital.