Investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) em conjunto com a Polícia Federal apontaram uma troca de mensagens entre os membros do alto comando da Polícia Militar do Distrito Federal – todos presos nesta sexta-feira -, que apontavam para a defesa de uma intervenção federal e a manutenção do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) no poder.
De acordo com a PGR, a movimentação dos policiais era a de dar sustentação aos militantes que acampavam na frente de quartéis do Exército e acabou “gerando um clima social de polarização político-ideológica e de desconfiança nas instituições republicanas”.
A investigação baseou a operação deflagrada nesta sexta-feira contra a cúpula da PM do Distrito Federal. Entre os presos preventivamente, estão o atual comandante-geral da PM-DF, coronel Klepter Rosa Gonçalves; o ex-comandante coronel Fábio Vieira e outros cinco oficiais que ocupavam cargos de chefia na corporação durante os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro.
A primeira mensagem destacada pelos investigadores foi enviada por Klepter Gonçalves a Fabio Vieira, em 28 de outubro de 2022 — dois dias antes do segundo turno das eleições.
“Rapaz, vocês tem que entender o seguinte: o Bolsonaro, ele está preparado com o Exército, com as Forças Especi… As Forças Armadas, aí, para fazer a mesma coisa que aconteceu em 64. O povo vai pras rua, que ninguém vai aceitar o Lula ser… Ganhar a Presidência, porque não tem sentido, o povo vai pedir a intervenção e, aí, meu amigo, eles vão nos livrar do comunismo novamente”, destaca a transcrição do vídeo.
Logo depois de receber o vídeo, Fabio Vieira, à época comandante-geral da PMDF, compartilhou o conteúdo com o coronel Marcelo Casimiro Rodrigues, então comandante do 1º Comando de Policiamento Regional, que cuida da área da Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três Poderes.
Após a eleição
A troca de mensagens entre os dois oficiais da PM “se intensificou após as eleições”, segundo a PGR.
No dia 1º de novembro, Casimiro enviou um quadro explicativo que apontava três possibilidades para a sucessão presidencial – “artigo 142”; “intervenção federal” e “intervenção militar”. Após enviar a mensagem, ele comentou: “Não se procede esse entendimento, mas é interessante a explicação”.
No dia seguinte, em meio ao início do acampamento de bolsonaristas em frente ao Quartel-General do Exército, Jorge Eduardo Barreto Naime, então chefe do Departamento de Operações (DOP) da PMDF, trocou mensagens com outro policial e apontou que os policiais não deveriam prestar apoio ao Exército no local.
Após o policial enviar vídeos do local, demonstrando animação com a quantidade de pessoas presentes, Naime determina a omissão no caso.
“Deixa os melancia (sic) se virar”, escreveu.
Foi o conteúdo das conversas, flagradas pela PGR, que deu base para o pedido de prisão preventiva dos policiais militares.
Os sete oficiais presos já estão à disposição da Justiça.
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