
A BBC enfrenta uma das maiores crises recentes em sua história após a divulgação de um documentário sobre Donald Trump, acusado pela Casa Branca de espalhar fake news e alvo de duras críticas da imprensa britânica. Neste domingo (9/11), o diretor-geral da emissora pública britânica, Tim Davie, e a chefe de reportagem Deborah Turness anunciaram que estão deixando seus cargos.
A polêmica gira em torno de um programa exibido às vésperas das eleições americanas de 2024, que reconduziram Trump à Casa Branca. O documentário reproduzia trechos de um discurso feito pelo republicano em 2021, momentos antes da invasão do Capitólio, o que foi interpretado por parte da imprensa e por aliados do ex-presidente como uma tentativa de interferência eleitoral.
Em comunicado oficial, Davie afirmou que a decisão foi motivada por um desejo de preservar a credibilidade da BBC. Segundo ele, embora não tenha sido o único motivo, o atual debate em torno da BBC News contribuiu para sua saída.
Deborah Turness também se pronunciou, afirmando que a repercussão do caso passou a causar danos à instituição. Para ela, apesar de erros pontuais, as alegações de que a BBC News é enviesada são incorretas.
A emissora pública, financiada por uma taxa anual de 174,5 libras esterlinas (cerca de R$ 1,2 mil) paga por cada domicílio britânico, vem sendo alvo de questionamentos sobre sua imparcialidade editorial.
O apresentador Nick Robinson, um dos principais rostos da emissora, reconheceu que há preocupações legítimas sobre os padrões jornalísticos, mas alertou para um possível ataque coordenado. Segundo ele, embora as críticas sejam genuínas, há indícios de uma campanha política contra a BBC.
A saída dos dois principais executivos marca um momento delicado para a emissora, que tenta preservar sua credibilidade diante de uma crescente polarização política tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos.


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