Com presos políticos e judiciário na mão, Paul Biya é reeleito em Camarões e garante 8º mandato consecutivo

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Presidente de Camarões é reeleito para oitavo mandato aos 92 anos | Agência  Brasil

O ditador Paul Biya, de 92 anos, foi declarado vencedor das eleições presidenciais em Camarões, garantindo um 8º mandato consecutivo com 53,66% dos votos, segundo resultados divulgados nesta segunda-feira (27/10). O principal opositor, Issa Tchiroma Bakary, obteve 35,19%, mas denunciou fraudes e manipulação estatal.

No poder desde 1982, Biya é atualmente o chefe de Estado em exercício mais velho do mundo. Em 2008, ele aboliu o limite de mandatos presidenciais, abrindo caminho para sua permanência indefinida no poder. Cada mandato tem duração de sete anos, e as instituições políticas do país operam sob controle direto do Cameroon People’s Democratic Movement (CPDM), partido governista que centraliza decisões e restringe liberdades.

A divulgação dos resultados gerou protestos e confrontos em Douala, capital comercial do país, no domingo (26). Manifestantes que apoiavam Bakary foram reprimidos pelas forças de segurança. Observadores internacionais relataram fraudes eleitorais, intimidação de eleitores e interferência militar no processo.

Tchiroma, ex-ministro e ex-porta-voz do governo, rompeu com Biya no início deste ano e liderou uma coalizão de oposição denunciando estagnação econômica, corrupção sistêmica e falta de oportunidades para os jovens. Sua candidatura representou um raro desafio ao poder consolidado do regime ditatorial.

Camarões é classificado por organizações como a Freedom House como um país “não livre”, com restrições severas à imprensa, liberdade de reunião e atuação política independente. Relatórios da Amnesty International confirmam a existência de presos políticos, especialmente líderes opositores e ativistas das regiões anglófonas, muitos detidos por anos sem julgamento na prisão de Kondengui, em Yaoundé.

O novo mandato de Biya reforça o controle autoritário no país, mantendo as estruturas de poder centralizadas e limitando severamente a oposição e os direitos civis.

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Da Redação

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