Cármen Lúcia assume TSE, elogia gestão de Moraes e diz que atuará contra ‘vírus da mentira’

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A ministra Cármen Lúcia assumiu nesta segunda-feira (3) a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ministra assume a função até então desempenhada por Alexandre de Moraes. A ministra fez um duro discurso contra a disseminação de “fake news”, prometeu rigor no combate ao “vírus da mentira”. “A mentira digital é fabricada para destruir as liberdades”, afirmou.

Ela tomou posse nessa segunda-feira, em uma cerimônia rápida, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outras autoridades. O seu principal desafio à frente da Justiça Eleitoral será comandar as eleições municipais de outubro. O ministro Kassio Nunes Marques assumiu a vice-presidência da corte eleitoral.

Vídeo: Reveja a cerimônia de posse

A ministra Cármen Lúcia assumiu nesta segunda-feira (3) a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ministra assume a função até então desempenhada por Alexandre de Moraes. A ministra fez um duro discurso contra a disseminação de “fake news”, prometeu rigor no combate ao “vírus da mentira”. “A mentira digital é fabricada para destruir as liberdades”, afirmou.

Ela tomou posse nessa segunda-feira, em uma cerimônia rápida, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outras autoridades. O seu principal desafio à frente da Justiça Eleitoral será comandar as eleições municipais de outubro. O ministro Kassio Nunes Marques assumiu a vice-presidência da corte eleitoral.

Vídeo: Reveja a cerimônia de posse

“A mentira espalhada pelo poderoso ecossistema digital das plataformas é um desaforo tirânico contra a integridade das democracias. É instrumento de covardes e de egoístas”, disse.

Para a ministra, estamos todos mais vulneráveis hoje do que em qualquer outro momento da história a esse mal e o “único caminho para superar o estado de desconfianças forjadas por telas é nos responsabilizarmos pelos nossos direitos tão duramente conquistados”.

 

A nova presidente do TSE afirmou ainda que, sob o seu comando, “a mentira continuará a ser combatida”. “A mentira amolece a humanidade porque planta o medo para colher a ditadura, individual ou política.”

Segundo a ministra, as “fake news” propagadas nas redes sociais “alimentam a indústria, enricando seus donos”, o que dificulta a ação responsável das pessoas. “A mentira é um insulto à dignidade do ser humano e obstáculo para o exercício pleno das liberdades.”

Ela lembrou que, mais uma vez, haverá eleições livres e democráticas no Brasil, mas o que distingue este momento da história é justamente a propagação do discurso de ódio e da violência, agora utilizados como instrumentos por antidemocratas.

“Eles querem garrotear a escolha, aproveitar-se do medo como vírus a adoecer pela desconfiança as relações de cidadãs e cidadãos. O dono do vírus produz o próprio ganho econômico, financeiro e social, e agora quer o eleitoral”, disse.

 

A nova presidente do TSE também defendeu que “contra o vírus da mentira, há o remédio eficaz da liberdade de informação séria e responsável”. “O preço pago para ceder ao medo e aos ódios é a nossa liberdade. Prega-se falsa unanimidade em bolhas, como se fosse igualdade.”

Em seu discurso, Cármen Lúcia também fez um agradecimento a Moraes, que deixou o cargo. Segundo ela, a atuação dele à frente do TSE foi determinante para a realização de eleições presidenciais de 2022, que classificou como “um momento de tensão provocada pela ação de antidemocratas”.

“Não ter tido êxito aquela empreitada criminosa foi tarefa de muitos. Com destaque que ficará para sempre registrado à atuação firme do ministro Alexandre de Moraes. Muito obrigada como cidadã e como juíza”, afirmou.

Ela também fez um cumprimento a Lula e lembrou que foi ele o responsável por indicá-la ao cargo de ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), há 18 anos.

Cerimônia

 

Ao todo, 300 pessoas foram convidadas para a solenidade de posse. Além de Lula, estavam o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além do presidente o Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e outros ministros da Corte.

Em uma breve fala na abertura da cerimônia, Moraes destacou que a ministra é uma das pessoas que mais lutou para garantir a participação das mulheres na política e tem atuado firmemente no combate à fraude à cota de gênero. “Uma histórica defensora do Estado democrático de direito”, disse.

Antes do início da cerimônia, Barroso destacou a experiência da colega para “enfrentar os desafios” das eleições que se aproximam. “Tenho a certeza de que cumprirá essa missão com muita firmeza e competência”, escreveu em seu perfil nas redes sociais. Na mesma publicação, o presidente da Corte também parabenizou Moraes pelo “trabalho corajoso” feito nas eleições de 2022.

Raul Araújo, atual corregedor-geral da Justiça Eleitoral, discursou em nome do TSE. O ministro afirmou que Cármen, em sua segunda gestão, está mais experiente “como possível articuladora de um diálogo político pacificador”. Ele disse, ainda, que a chegada da ministra ao comando do tribunal eleitoral “traz aceno tranquilizador”, visto as eleições municipais que ocorrem no segundo semestre deste ano.

“Está mais experiente como possível articuladora de um diálogo político pacificador, aguardado e ansiado pela maioria da população”, disse Raul Araújo.

 

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, que falou pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), disse que a nova presidente vai garantir que a vontade do povo seja livre de distorções nestas eleições. “Seu cuidado para que a verdade não se degenere em deturpação hostil à democracia e ao ‘fair play’ nos inspiram a expectativa de que a formação da vontade do eleitor não será corrompida por qualquer que seja o meio.”

“Na sua volta à presidência da Corte estamos todos seguros de que a causa do bem continuará a ter o refletido e enérgico empenho de que a democracia necessita para triunfar”, afirmou Gonet.

 

O procurador-geral relembrou ainda a postura de Cármen em resposta às fraudes a cotas femininas no campo eleitoral. “Os registros jurisprudenciais da Casa guardam e oferecem para o futuro o seu olhar de mulher consciente, firme e audaz, refletido em votos candentes de indignação contra práticas discriminatórias.”

O PGR também fez elogios a Nunes Marques. “A sua postura propícia à conciliação, a incansável disposição para o diálogo contribuirão para o fortalecimento das instituições democráticas do Brasil”, disse.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, também discursou representando a categoria.

Eleições de 2022 marcaram gestão de Moraes

 

Em agosto de 2022, quando Moraes tomou posse como presidente do TSE, o Brasil estava às vésperas das eleições presidenciais, em um ambiente conflagrado que culminaria nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

A cerimônia foi marcada por momentos de tensão com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), que ficou frente a frente de Lula, seu principal adversário que liderava as pesquisas e venceu a disputa.

A solenidade foi uma das mais prestigiadas da história de Brasília e reuniu mais de 2 mil pessoas. Estiveram presentes diversas autoridades, entre eles quatro ex-presidentes da República, em uma demonstração de apoio à Justiça Eleitoral. Naquele momento, a segurança das urnas e a lisura do pleito eram questionadas por apoiadores de Bolsonaro, incluindo integrantes das Forças Armadas.

Cerimônia de posse da ministra Cármen Lúcia como presidente do TSE — Foto: Reprodução/YouTube - TSE
Cerimônia de posse da ministra Cármen Lúcia como presidente do TSE — Foto: Reprodução/YouTube – TSE

“A mentira espalhada pelo poderoso ecossistema digital das plataformas é um desaforo tirânico contra a integridade das democracias. É instrumento de covardes e de egoístas”, disse.

Para a ministra, estamos todos mais vulneráveis hoje do que em qualquer outro momento da história a esse mal e o “único caminho para superar o estado de desconfianças forjadas por telas é nos responsabilizarmos pelos nossos direitos tão duramente conquistados”.

 

A nova presidente do TSE afirmou ainda que, sob o seu comando, “a mentira continuará a ser combatida”. “A mentira amolece a humanidade porque planta o medo para colher a ditadura, individual ou política.”

Segundo a ministra, as “fake news” propagadas nas redes sociais “alimentam a indústria, enricando seus donos”, o que dificulta a ação responsável das pessoas. “A mentira é um insulto à dignidade do ser humano e obstáculo para o exercício pleno das liberdades.”

Ela lembrou que, mais uma vez, haverá eleições livres e democráticas no Brasil, mas o que distingue este momento da história é justamente a propagação do discurso de ódio e da violência, agora utilizados como instrumentos por antidemocratas.

“Eles querem garrotear a escolha, aproveitar-se do medo como vírus a adoecer pela desconfiança as relações de cidadãs e cidadãos. O dono do vírus produz o próprio ganho econômico, financeiro e social, e agora quer o eleitoral”, disse.

 

A nova presidente do TSE também defendeu que “contra o vírus da mentira, há o remédio eficaz da liberdade de informação séria e responsável”. “O preço pago para ceder ao medo e aos ódios é a nossa liberdade. Prega-se falsa unanimidade em bolhas, como se fosse igualdade.”

Em seu discurso, Cármen Lúcia também fez um agradecimento a Moraes, que deixou o cargo. Segundo ela, a atuação dele à frente do TSE foi determinante para a realização de eleições presidenciais de 2022, que classificou como “um momento de tensão provocada pela ação de antidemocratas”.

“Não ter tido êxito aquela empreitada criminosa foi tarefa de muitos. Com destaque que ficará para sempre registrado à atuação firme do ministro Alexandre de Moraes. Muito obrigada como cidadã e como juíza”, afirmou.

Ela também fez um cumprimento a Lula e lembrou que foi ele o responsável por indicá-la ao cargo de ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), há 18 anos.

Cerimônia

Ao todo, 300 pessoas foram convidadas para a solenidade de posse. Além de Lula, estavam o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além do presidente o Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e outros ministros da Corte.

Em uma breve fala na abertura da cerimônia, Moraes destacou que a ministra é uma das pessoas que mais lutou para garantir a participação das mulheres na política e tem atuado firmemente no combate à fraude à cota de gênero. “Uma histórica defensora do Estado democrático de direito”, disse.

Antes do início da cerimônia, Barroso destacou a experiência da colega para “enfrentar os desafios” das eleições que se aproximam. “Tenho a certeza de que cumprirá essa missão com muita firmeza e competência”, escreveu em seu perfil nas redes sociais. Na mesma publicação, o presidente da Corte também parabenizou Moraes pelo “trabalho corajoso” feito nas eleições de 2022.

Raul Araújo, atual corregedor-geral da Justiça Eleitoral, discursou em nome do TSE. O ministro afirmou que Cármen, em sua segunda gestão, está mais experiente “como possível articuladora de um diálogo político pacificador”. Ele disse, ainda, que a chegada da ministra ao comando do tribunal eleitoral “traz aceno tranquilizador”, visto as eleições municipais que ocorrem no segundo semestre deste ano.

“Está mais experiente como possível articuladora de um diálogo político pacificador, aguardado e ansiado pela maioria da população”, disse Raul Araújo.

 

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, que falou pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), disse que a nova presidente vai garantir que a vontade do povo seja livre de distorções nestas eleições. “Seu cuidado para que a verdade não se degenere em deturpação hostil à democracia e ao ‘fair play’ nos inspiram a expectativa de que a formação da vontade do eleitor não será corrompida por qualquer que seja o meio.”

“Na sua volta à presidência da Corte estamos todos seguros de que a causa do bem continuará a ter o refletido e enérgico empenho de que a democracia necessita para triunfar”, afirmou Gonet.

 

O procurador-geral relembrou ainda a postura de Cármen em resposta às fraudes a cotas femininas no campo eleitoral. “Os registros jurisprudenciais da Casa guardam e oferecem para o futuro o seu olhar de mulher consciente, firme e audaz, refletido em votos candentes de indignação contra práticas discriminatórias.”

O PGR também fez elogios a Nunes Marques. “A sua postura propícia à conciliação, a incansável disposição para o diálogo contribuirão para o fortalecimento das instituições democráticas do Brasil”, disse.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, também discursou representando a categoria.

Eleições de 2022 marcaram gestão de Moraes

Em agosto de 2022, quando Moraes tomou posse como presidente do TSE, o Brasil estava às vésperas das eleições presidenciais, em um ambiente conflagrado que culminaria nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

A cerimônia foi marcada por momentos de tensão com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), que ficou frente a frente de Lula, seu principal adversário que liderava as pesquisas e venceu a disputa.

A solenidade foi uma das mais prestigiadas da história de Brasília e reuniu mais de 2 mil pessoas. Estiveram presentes diversas autoridades, entre eles quatro ex-presidentes da República, em uma demonstração de apoio à Justiça Eleitoral. Naquele momento, a segurança das urnas e a lisura do pleito eram questionadas por apoiadores de Bolsonaro, incluindo integrantes das Forças Armadas.

Cerimônia de posse da ministra Cármen Lúcia como presidente do TSE — Foto: Reprodução/YouTube - TSE
Cerimônia de posse da ministra Cármen Lúcia como presidente do TSE — Foto: Reprodução/YouTube – TSE

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