Brasil chega a 60 milhões de negativados no 1º semestre de 2025

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Endividamento segue pressionando as famílias: negativados somam 60 milhões e inadimplência atinge 6,2%
Número de negativados sobe para 60 milhões - 30/09/2025 - Mercado - Folha

O Brasil encerrou o primeiro semestre de 2025 com 60 milhões de pessoas negativadas, segundo dados da Equifax Boa Vista. O número representa um aumento de 5,5% em relação a dezembro de 2024 e de 10,8% na comparação anual. O total de inadimplentes equivale a 34,5% da população em idade ativa, estimada em 174 milhões de pessoas pela Pnad Contínua.

O índice de inadimplência — que considera atrasos acima de 90 dias — chegou a 6,2% em junho. Embora o dado represente queda de 0,7 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano anterior, houve alta de 0,2 ponto em comparação ao fim de 2024. O birô também revelou que, apenas nos primeiros seis meses de 2025, foram registrados mais de 450 milhões de pedidos de crédito apoiados pela Equifax, um salto de 160% sobre o mesmo período do ano passado.

No período, 124 milhões de novas linhas de crédito foram concedidas a 92 milhões de consumidores. Em junho, havia 375,6 milhões de contratos ativos em nome de 173 milhões de brasileiros. Ao mesmo tempo, as negativações somaram 169,5 milhões, avanço de 12,5% em relação a junho de 2024 e de 6% em relação a dezembro.

Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) reforçam a pressão sobre o orçamento das famílias. A proporção de consumidores com contas em atraso subiu de 30% em julho para 30,4% em agosto, o maior patamar desde o início da série histórica em 2010. Já o percentual de famílias com dívidas a vencer aumentou pelo sétimo mês seguido, chegando a 78,5% — o nível mais alto desde novembro de 2022.

Henrique Freire de Moraes, CEO da Equifax Boa Vista, afirmou que o endividamento tem se mantido estável, mas alertou para os riscos do uso do crédito caro. Segundo o executivo, em média, 74% da renda do brasileiro está comprometida com dívidas, principalmente cartões de crédito, crédito pessoal e financiamentos. Ele explicou que o score médio de crédito no país é de 531 pontos, em uma escala que vai até 1.000.

De acordo com Moraes, pagar as contas em dia é o fator mais importante para manter a nota elevada, já que contas básicas como aluguel, água, luz, celular e serviços de streaming entram no cálculo. Por outro lado, atrasos e a busca por mais crédito em meio ao endividamento reduzem o score. “Em um país com juros tão altos, entrar no rotativo do cartão pode virar uma bola de neve”, afirmou.

Para reduzir custos, o executivo recomenda a renegociação de dívidas, que pode gerar descontos significativos, além da substituição de débitos caros por empréstimos pessoais com taxas menores. Ele destacou ainda que o Pix Parcelado, em desenvolvimento pelo Banco Central, pode se tornar uma ferramenta para baratear o crédito. “Hoje, os cinco grandes bancos concentram 80% dos empréstimos no Brasil. Com essa nova tecnologia, a concessão começará a ser descentralizada”, concluiu.

 

 

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Da Redação

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