Nos últimos dias, um comentário feito por um blogueiro, Humberto Ruy, assessor do gabinete do prefeito Viriato Cardoso, gerou indignação e um debate necessário sobre intolerância religiosa na região. Em uma publicação nas redes sociais, Humberto escreveu: “Isso o blogueiro macumbeiro não posta.”
O termo “macumbeiro”, carregado de um histórico de estigmatização e preconceito contra religiões de matriz africana, foi visto por muitos como uma tentativa de desqualificar não apenas o blogueiro em questão, mas também toda uma tradição religiosa. A comunidade reagiu rapidamente, manifestando revolta e cobrando respeito à diversidade religiosa.
Ao ser questionado sobre sua fala, Humberto tentou minimizar a situação, afirmando: “Oposição dizendo que eu ofendi alguém que vive se chamando de macumbeiro nas suas próprias redes sociais. Se alguém me chama de crente no meio da rua, eu morro de feliz. Melhorem.”
No entanto, os direitos humanos e representantes religiosos apontaram que a questão vai muito além de uma simples expressão. O peso histórico das perseguições e da discriminação contra religiões de matriz africana no Brasil tornam declarações desse tipo ainda mais graves. Enquanto “crente” é um termo amplamente aceito e utilizado de forma neutra ou positiva, “macumbeiro” é frequentemente empregado de maneira pejorativa e excludente.
O episódio também reacende uma preocupação antiga: a intolerância religiosa dentro da gestão do prefeito Veriato Cardoso. Durante sua campanha eleitoral, ele já havia sido criticado por divulgar uma música considerada preconceituosa, o que levou a manifestações de repúdio de vários terreiros e lideranças religiosas. Na época, ele se desculpou e garantiu respeitar todas as religiões. Agora, com o comentário de seu assessor, a população se pergunta se essas palavras eram sinceras ou apenas parte de uma estratégia eleitoral.
É fundamental lembrar que a liberdade religiosa é um direito garantido pela Constituição e que atitudes de discriminação, incitação ao preconceito ou intolerância são consideradas crime pelo artigo 20 da Lei nº 7.716/1989. Mais do que um debate político, este episódio nos lembra da importância de construirmos uma sociedade mais respeitosa e inclusiva, onde todas as crenças sejam tratadas com dignidade e igualdade.
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