Argentina e Colômbia anunciam retorno de embaixador colombiano a Buenos Aires após tensão diplomática entre Milei e Petro

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Os Ministérios das Relações Exteriores da Colômbia e da Argentina anunciaram no domingo que o embaixador colombiano, Camilo Romero, retornará a Buenos Aires, dias após um confronto diplomático entre os dois países. Na última quarta-feira, Bogotá ordenou a expulsão de diplomatas da Embaixada da Argentina após insultos do presidente Javier Milei contra seu homólogo colombiano, Gustavo Petro.

Em um comunicado conjunto, divulgado no X (antigo Twitter), as chancelarias anunciaram que o “governo colombiano deu instruções para que o embaixador Camilo Romero retorne a Buenos Aires” e que, por sua vez, o governo da Argentina “anunciou a visita à Colômbia da sua chanceler, Diana Mondino”, sem, no entanto, especificar uma data.

A expulsão dos diplomatas argentinos, que não chegou a ser citada no texto, também foi suspensa.

Os dois governos, acrescentou a nota, mostraram interesse na adoção de “passos concretos para superar qualquer divergência e fortalecer a relação”. O comunicado também garante que o governo colombiano concedeu a credencial ao novo embaixador argentino na Colômbia proposto pelo governo Milei, cujo nome ainda não foi divulgado.

Desta forma, os dois governos “ratificam a importância de manter boas relações e a vontade de estreitar os laços bilaterais”, concluiu o texto.

Os países se pronunciaram após o presidente colombiano, Gustavo Petro, ter decidido na quarta-feira passada expulsar vários diplomatas da embaixada da Argentina em Bogotá, depois de Milei tê-lo chamado de “terrorista” e “assassino” em uma entrevista, exibida pela rede americana CNN.

Ao apresentador, o presidente argentino afirmou, em referência a Petro: “Não se pode esperar muito de alguém que era um assassino terrorista”.

A frase irritou o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, que repudiou o insulto e salientou que “as declarações do presidente argentino deterioraram a confiança de nossa nação, além de ofenderem a dignidade do presidente Petro, que foi eleito democraticamente”. Logo depois, o presidente colombiano ordenou a expulsão de diplomatas da embaixada argentina em Bogotá.

Petro militou durante 12 anos no M-19, uma guerrilha nacionalista de origem urbana, antes de assinar a paz em 1990 e ingressar na política. Em agosto de 2022, ele chegou ao poder como o primeiro presidente de esquerda da Colômbia.

Pé no freio

 

As relações com a Argentina têm sido historicamente estáveis, mas nunca foram particularmente estreita. Não só porque estão em extremos opostos da América do Sul, mas por decisões diplomáticas, como quando o país andino se absteve de apoiar Buenos Aires na guerra das Ilhas Malvinas.

Contudo, esses laços têm se deteriorado — e nunca atingiram tal tensão — desde a chegada ao poder do ultraliberal Milei, em dezembro de 2023. O embaixador Romero está em consultas desde o final de janeiro, quando Petro reagiu a outra entrevista na qual Milei o chamou de “comunista assassino que está afundando a Colômbia”.

No ano passado, ainda como candidato, afirmou numa rádio colombiana em setembro que “socialista é lixo” e “excremento humano”. Petro então comparou Milei em suas redes sociais a Adolf Hitler pelo comentário. Depois, quando o presidente da Argentina venceu as eleições em novembro ao derrotar o candidato peronista Sergio Massa, declarou que era um “momento triste para a América Latina”.

O compromisso dos presidentes em manter boas relações parece firme, mas é difícil garantir que os confrontos não se repetirão. O presidente colombiano reage impulsivamente nas redes sociais aos acontecimentos atuais e principalmente ao que considera injusto. As pessoas ao seu redor sugeriram timidamente a ele que, quando se trata de expressar uma opinião sobre determinadas questões, é necessário refletir mais. No entanto, as posições do governo sobre qualquer assunto são definidas pela conta X do presidente colombiano, e os ministros simplesmente seguem o exemplo.

A prudência também não é a maior das grandes qualidades de Milei, já que ele adota um tom incendiário que o tornou popular na campanha eleitoral, mas que agora está se transformando em crises diplomáticas. (Com AFP e El País) ( o Globo )

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