Após terceiro ataque conjunto dos EUA e do Reino Unido, houthis prometem retaliação: ‘Não nos deterão’

Estimated read time 6 min read

Os houthis, milícia xiita apoiada pelo Irã, afirmaram neste domingo que os ataques aéreos dos Estados Unidos e do Reino Unido “não os deterão” e prometeram uma resposta após dezenas de alvos terem sido atingidos em retaliação aos repetidos ataques dos rebeldes no Mar Vermelho. Na sequência dos bombardeios, em uma ação solo neste domingo, Washington anunciou ter atacado grupos armados apoiados por Teerã, destruindo um míssil antinavio pertencente aos rebeldes iemenitas.

Os ataques aéreos conjuntos no Iêmen no final de sábado, denunciados pelo Irã, seguiram uma onda separada de ataques unilaterais americanos contra alvos ligados ao Irã no Iraque e na Síria, em retaliação a um ataque de drone que matou três soldados americanos na Jordânia, na semana passada.

Esta foi a terceira vez que as forças britânicas e americanas atacaram conjuntamente os houthis, cujos bombardeios em solidariedade aos palestinos em Gaza, devastada pela guerra entre Israel e Hamas, interromperam o comércio global. A primeira operação, promovida pela coalizão Ocidental, formada para garantir a livre circulação de navios comerciais no Mar Vermelho, ocorreu no dia 11 de janeiro.

Os Estados Unidos também realizaram uma série de ataques aéreos contra os rebeldes iemenitas por conta própria, mas as investidas à rota comercial vital do Mar Vermelho, por onde passam 12% do comércio global, continuaram.

‘Não nos deterão’

 

Os ataques de sábado atingiram 36 alvos houthi em 13 locais no Iêmen, “em resposta aos contínuos ataques dos houthis contra a navegação internacional e comercial, bem como contra embarcações navais que transitam pelo Mar Vermelho”, afirmaram os Estados Unidos e o Reino Unido em um comunicado conjunto.

A agência Reuters, citando dois integrantes do governo americano, afirma que os alvos eram “ligados ao Irã”, e que as ações estão conectadas aos bombardeios realizados contra milícias pró-Teerã no Iraque e na Síria, na sexta-feira — ao todo, foram atingidos 85 alvos nos dois países. O comunicado conjunto, contudo, aponta que os ataques deste sábado foram em resposta a dois incidentes contra navios mercantes no Mar Vermelho, nos dias 11 e 22 de janeiro.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou que as ações “têm a intenção de interromper e degradar ainda mais a capacidade da milícia houthi, apoiada pelo Irã, de realizar seus ataques imprudentes e desestabilizadores”.

 

Nem Austin nem a declaração conjunta identificaram os locais específicos que foram atingidos, mas o porta-voz militar dos rebeldes, Yahya Saree, disse que a capital Sanaa e outras áreas controladas pelos houthis foram alvos — sem especificar os danos causados.

Veja as áreas no Iêmen controladas pelos houthis — Foto: Arte O Globo
Veja as áreas no Iêmen controladas pelos houthis — Foto: Arte O Globo

Saree relatou um total de 48 ataques aéreos e disse na plataforma de mídia social X (antigo Twitter) que “eles não nos deterão da nossa posição de apoio ao firme povo palestino na Faixa de Gaza”, onde o conflito entre Israel e Hamas ocorre desde o início de outubro e, segundo o Ministério de Saúde do enclave palestino, já dizimou mais de 27,3 mil pessoas.

O porta-voz prometeu que os últimos ataques “não passarão sem resposta e punição”.

Enfrentando ‘escalada com escalada’

 

Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido s aviões de guerra Typhoon da Força Aérea Real atingiram alvos que incluíam duas estações de controle de solo usadas para operar drones de ataque e reconhecimento.

Austin afirmou que “as forças de coalizão atacaram 13 locais associados às instalações de armazenamento de armas profundamente enterradas dos houthis, sistemas e lançadores de mísseis, sistemas de defesa aérea e radares”. Não houve relatos imediatos de vítimas.

Separadamente, o Comando Central dos EUA (Centcom) disse que suas forças realizaram um ataque contra um míssil antinavio dos rebeldes que “se preparava para ser lançado contra navios no Mar Vermelho” no início deste domingo. O artefato representava “uma ameaça iminente aos navios da Marinha dos EUA e aos navios mercantes na região”, pontuou o comando americano.

O Cetcom havia lançado anteriormente ataques contra seis outros mísseis antinavio da milícia xiita e, na sexta-feira, militares americanos disseram que suas forças haviam derrubado oito drones no Iêmen e nas proximidades.

Os houthis começaram a atacar a navegação no Mar Vermelho em novembro, alegando que estavam atingindo navios ligados a Israel em apoio aos palestinos em Gaza, governados por outro grupo armado apoiado pelo Irã, o Hamas.

As forças dos EUA e do Reino Unido responderam com ataques contra os rebeldes, que desde então declararam que os interesses americanos e britânicos também são alvos legítimos. O porta-voz dos houthis, Nasr al-Din Amer, disse após os ataques de sábado: “Nós enfrentaremos a escalada com escalada”.

Tensão na região

 

A raiva pela campanha de Israel em Gaza — que começou depois de um ataque terrorista sem precedentes do Hamas em 7 de outubro contra o Estado judeu, que deixou 1,2 mil mortos e fez 250 reféns — vem crescendo em todo o Oriente Médio, estimulando a violência envolvendo grupos apoiados pelo Irã no Líbano, Iraque, Síria e Iêmen.

Em 28 de janeiro, um drone atingiu uma base na Jordânia, matando três soldados americanos e ferindo mais de 40 — um ataque que Washington atribuiu às forças alinhadas a Teerã. As tropas americanas e aliadas na região foram atacadas mais de 165 vezes desde meados de outubro, principalmente no Iraque e na Síria, mas as mortes na Jordânia foram as primeiras causadas por fogo hostil durante esse período.

Os Estados Unidos responderam na sexta-feira com ataques contra dezenas de alvos em sete instalações ligadas a Teerã no Iraque e na Síria, mas não atingiram o território iraniano. A operação, segundo os analistas, foi concebida para evitar fomentar um conflito mais amplo. Tanto o governo iraquiano quanto o sírio condenaram os ataques, enquanto Teerã disse que eles “não teriam nenhum resultado além de intensificar a tensão e a instabilidade”.

Fontes diplomáticas disseram que o Conselho de Segurança da ONU se reunirá na segunda-feira, depois que a Rússia convocou uma reunião “sobre a ameaça à paz e à segurança criada pelos ataques dos EUA na Síria e no Iraque”.

O ministro britânico das Relações Exteriores, David Cameron, por sua vez, afirmou que Teerã é o principal responsável pela violência.

— Vocês os criaram, os apoiaram, os financiaram, forneceram-lhes armas e, em última instância, serão responsabilizados pelo que eles fizerem — disse Cameron ao Sunday Times. — Precisamos enviar o sinal mais claro possível ao Irã de que o que eles estão fazendo por meio de seus representantes é inaceitável. (Com New York Times)   ( o Globo )

Relacionadas

Da Redação

+ There are no comments

Add yours

Deixe uma resposta