O meteoro Pablo Marçal (PRTB) explodiu as campanhas de Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) a ponto de todos mudarem completamente a rota que tinham planejado para a campanha eleitoral em São Paulo. Em maio, o ex-coach tinha 7% das intenções de votos, segundo o Datafolha, e agora alcançou 21%.
Em meados de março, quando estive na prefeitura para uma conversa com Nunes, a ideia era replicar na cidade a campanha de Cláudio Castro no Rio contra Marcelo Freixo em 2022: sem dar a vice para um bolsonarista (Aldo Rebelo e Viviane Sena eram os cotados), com pouquíssima proximidade com o ex-presidente e ênfase nas obras feitas pela gestão.
Em pouco tempo, Nunes deu a vice para o coronel de direita Mello Araújo, está sedento por agendas com Bolsonaro e sua equipe de comunicação prepara um ataque feroz contra Marçal quando a propaganda na TV entrar no ar a partir da próxima sexta-feira, dia 30.
No mesmo período, na visita que fiz a Boulos na produtora de vídeo onde grava seus programas de TV e internet, o psolista destacava o programa de governo que estava montando para desfazer a imagem de radical e a aliança com Marta Suplicy de olho no eleitorado de baixa renda. Seu Instagram estava programado para uma campanha bem humorada e leve, com toques da originalidade de 2020 quando enfrentou Bruno Covas. Na semana que passou, contudo, o post que fez com maior engajamento (mais de 50 mil curtidas) foi o de uma resposta à provocação de Marçal durante debate ao erguer uma carteira de trabalho em sua direção.
“Meus adversários espalharam uma mentira: que eu nunca teria trabalhado. E hoje eu quero que você conheça a verdade”, diz, para posteriormente elencar a sua trajetória como professor. A campanha ainda debate se reage à provocação do candidato do PRTB chamando-o de “aspirador de pó” e “comedor de açúcar”, em alusão a um falso consumo de drogas. Após o debate da Band, Nunes, por exemplo, entrou no jogo de Marçal e fez exame toxicológico.
Em abril, Tabata me recebeu em Brasília quando acabara de romper com o marqueteiro argentino Pablo Nobel. Não estava feliz com o seu trabalho, contratou Pedro Simões, responsável pelas redes sociais de Eduardo Paes (PSD), e se preparava para fazer uma campanha de terceira via para a prefeitura, rejeitando a polarização Lula e Bolsonaro.
Agora, vestiu o figurino anti-Marçal. Não topou faltar aos debates como Nunes e Boulos, tem atacado o adversário enfatizando sua condenação judicial (já prescrita) por fraude bancária e, na sexta, fez o seu mais duro ataque: publicou um vídeo nas redes vinculando Marçal ao PCC. José Luiz Datena (PSDB), aliás, fez o mesmo nesta sexta, em seu primeiro ataque na campanha ao candidato do PRTB.
“O senhor Pablo Marçal é bancado por um presidente de um partido que é um sujeito que se gaba por aí que soltou o André do Rap”.
Na sexta-feira, em conversa com jornalistas sobre todas as reportagens recentes publicadas sobre o envolvimento de integrantes do seu partido com o crime, Marçal começou a apresentar o seu antídoto contra o que vem por aí: “Eu não tenho nenhum envolvimento. Já que vocês sabem de tudo, me ajudem a limpar o PRTB”. ( o Globo )
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