Dentro de cinco meses, 50 exemplares da ararinha-azul devem chegar ao Brasil, repatriadas da Alemanha. O retorno à casa foi anunciado nesta sexta-feira (7) durante a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a ONG alemã Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP), que mantém as aves.
Ao chegarem, provavelmente no mês de novembro, as ararinhas serão levadas para o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-Azul, unidade de conservação criada no ano passado, em Curaçá, na Bahia, especialmente para receber as aves. O local é habitat histórico da espécie, considerada extinta na natureza desde 2000 após ser alvo durante anos de caçadores e traficantes de animais.
ESFORÇOS

SITUAÇÃO
Antes da assinatura, o analista ambiental Ugo Vercilo, do ICMBio, fez uma apresentação sobre a atual situação da espécie. Segundo ele, os 166 exemplares estão mantidos em cativeiro. Além dos 13 no Brasil, há 147 na Alemanha, dois na Bélgica e quatro em Singapura, países que participam do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul.
Ao chegar ao Brasil, explicou, as ararinhas vão para o Centro de Reintrodução e Reprodução da Ararinha-azul, que está sendo construído no interior do Refúgio de Vida Silvestre, em Curaçá. Durante o período de adaptação, as aves ficarão sob a guarda da ACTP, que mantém 90% das ararinhas-azuis em cativeiro do mundo após receber os exemplares que estavam em instituição no Catar, recentemente fechada. “É uma responsabilidade enorme”, disse Martin Guth, presidente da ACTP, que pagará pelo novo Centro de Reintrodução.
A analista ambiental Camile Lugarini, do ICMBio, disse que a reintrodução na natureza será um processo cauteloso. As primeiras solturas serão feitas em conjunto com maracanãs (Primolius maracana), uma outra espécie de arara, com hábitos semelhantes aos da ararinha-azul – ambas utilizam ocos de caraibeira (ipê-amarelo) para fazer seus ninhos, entre outras similiridades. Segundo a analista, antes de desaparecer, o último macho de ararinha-azul chegou a formar par com uma fêmea de maracanã.
A soltura, ainda segundo ela, está prevista no Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha Azul (PAN Ararinha-Azul), coordenado pelo ICMBio e publicado em 2012. As ações do plano tem o objetivo de aumentar a população manejada em cativeiro e recuperar o habitat de ocorrência histórica da espécie, visando à sua reintrodução à natureza.
SAIBA MAIS
Desde então, os poucos exemplares que restaram em coleções particulares vêm sendo usados para reproduzir a espécie em cativeiro. Quase todos no exterior. A ararinha é endêmica da Caatinga e considerada uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo. Em 2000, foi classificada como Criticamente em Perigo (CR) possivelmente Extinta na Natureza (EW), restando apenas indivíduos em cativeiro.

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