O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, de 86 anos, está isolado em um bunker e adotou uma série de medidas emergenciais para garantir a sobrevivência do regime, incluindo a escolha de três clérigos que podem sucedê-lo caso seja morto durante a guerra contra Israel. A decisão foi tomada após uma série de ataques israelenses que atingiram Teerã e outras regiões do país, além de alertas internos sobre o risco de um possível atentado contra o aiatolá nos últimos dias.
De acordo com três autoridades iranianas ouvidas sob condição de anonimato pelo NYT, Khamenei suspendeu quase todas as comunicações eletrônicas para evitar o rastreamento de sua posição e passou a se comunicar com seus principais comandantes por meio de um assessor de confiança. O líder também nomeou substitutos na cadeia de comando militar caso mais integrantes de sua cúpula sejam mortos.
Segundo os relatos, os nomes dos três possíveis sucessores foram enviados à Assembleia de Especialistas, o conselho clerical responsável por eleger o líder supremo. A medida visa garantir uma transição rápida e evitar um vácuo de poder, caso Khamenei seja morto nos bombardeios ou por um ataque direcionado.
O filho do líder, Mojtaba Khamenei, frequentemente citado como possível herdeiro, ficou de fora da lista. O ex-presidente Ebrahim Raisi, que também era cotado, morreu em 2024 em um acidente de helicóptero. O conteúdo da lista permanece em sigilo.
“Em primeiro lugar, a prioridade é preservar o Estado”, disse o especialista em Irã Vali Nasr, professor da Universidade Johns Hopkins, em entrevista ao jornal americano. A sucessão do líder supremo é considerada o tema mais sensível da política iraniana, com impacto direto no futuro do país e no equilíbrio de poder no Oriente Médio.
Desde que a guerra começou, os ataques israelenses foram os mais devastadores já registrados contra o território iraniano desde o conflito com o Iraque nos anos 1980. Bombardeios atingiram bases militares, instalações nucleares, refinarias, barragens e até residências de cientistas e oficiais do alto escalão. Alguns dos principais comandantes militares foram mortos nas primeiras horas da ofensiva.
O governo iraniano ordenou que todos os líderes civis e militares operem em bunkers e proibiu o uso de celulares e qualquer outro dispositivo eletrônico, além de bloquear o acesso à internet e chamadas internacionais. A intenção é impedir que agentes israelenses localizem alvos e transmitam informações sensíveis para o regime.
Autoridades iranianas também afirmaram que agentes secretos israelenses estão realizando sabotagens e ataques com drones dentro do Irã, mirando infraestruturas críticas.
O Conselho Supremo de Segurança Nacional do país publicou um ultimato ordenando que qualquer cidadão colaborando com o inimigo se entregue até o final do dia de domingo (22). Quem não obedecer será executado.
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A capital Teerã amanheceu neste sábado (21) praticamente vazia após alertas de evacuação. Vídeos mostram ruas desertas e postos de controle em todas as saídas da cidade. Mesmo críticos do regime manifestaram apoio à defesa do país nas redes sociais. “O solo do Irã é nossa linha vermelha”, escreveu Saeid Ezzatollahi, jogador da seleção de futebol.
Ativistas, médicos e empresários estão oferecendo ajuda gratuita a deslocados, com hospedagem, alimentação e apoio psicológico. “Estamos com medo, mas também estamos juntos. É um ataque contra o nosso país”, disse Reza, um morador que fugiu para o norte do país.
Narges Mohammadi, Nobel da Paz e uma das maiores vozes por direitos humanos no Irã, condenou os bombardeios. Em entrevista, afirmou que a democracia no país “não pode vir através da guerra e da violência”.
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