A cidade americana de Minneapolis, que está no centro dos protestos contra a morte de George Floyd, tem uma longa história de segregação e conflitos raciais.
Floyd, um homem negro de 46 anos, morreu na última segunda-feira (25/05) ao ser detido, algemado e imobilizado por um policial branco.
Um vídeo gravado por uma jovem que passava pelo local mostra o policial Derek Chauvin pressionando o joelho contra o pescoço de Floyd que, desarmado e deitado no chão, repete: “Não consigo respirar”.
Os três outros policiais presentes não intervieram. Após alguns minutos, Floyd perdeu os sentidos. Colocado em uma ambulância, ele foi declarado morto pouco depois.
O episódio desencadeou protestos em todo o país, alguns deles violentos, e remete a vários outros casos recentes de negros desarmados que foram mortos pela polícia em diferentes partes dos Estados Unidos.
“É importante situar a morte de George Floyd e outros eventos como esse no contexto histórico mais amplo”, diz à BBC News Brasil o geógrafo Kevin Ehrman-Solberg, um dos fundadores do Mapping Prejudice (Mapeando o Preconceito, em tradução livre), projeto ligado à Universidade de Minnesota que identifica restrições raciais impostas a moradias da cidade no século passado.
“Isso não foi algo aleatório, que simplesmente aconteceu. É o resultado de décadas e décadas de desigualdade estrutural.”
Restrições raciais
Minneapolis é hoje uma cidade com líderes progressistas e na qual autoridades admitem os problemas gerados pelo racismo estrutural e adotam medidas para tentar reduzir a segregação racial. Mas o impacto de medidas racistas adotadas no passado ainda são sentidos.
A cidade é considerada a quarta pior área metropolitana dos Estados Unidos para negros morarem e tem uma das maiores disparidades raciais do país em vários indicadores, como taxa de pobreza, desemprego e propriedade de imóveis.
Também é altamente segregada, algo que é fruto de políticas adotadas a partir do início do século 20 para impedir que moradores negros se mudassem para determinadas áreas.
Durante décadas, persistiu na cidade, assim como em outras partes do país, a prática de incluir nas escrituras de propriedades uma cláusula estabelecendo que pessoas que não fossem brancas não poderiam ser proprietárias ou, em muitos casos, nem mesmo ocupar o local.
O projeto da Universidade de Minnesota já encontrou quase 30 mil propriedades que tinham cláusulas de restrição racial entre 1910 e 1955.
Segundo Ehrman-Solberg, isso contradiz a narrativa comum de que a segregação racial ocorria apenas no sul dos Estados Unidos.
“É verdade que (na época) Minneapolis não tinha bebedouros ou ônibus segregados, mas havia esse sistema de segregação velado, que não era tão visível, mas era brutalmente eficaz”, diz o fundador do Mapping Prejudice.
Ehrman-Solberg observa que, em 1910, moradores negros representavam apenas cerca de 1% da população local. Mas a imposição das restrições foi uma ação preventiva para garantir que a cidade permanecesse “branca” no futuro, limitando os moradores de outras raças a certas áreas.
Com essas restrições, quase todas as novas construções eram reservadas aos brancos, e a população negra acabou confinada em zonas da cidade com casas antigas e de menor valor.
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