O debate sobre a posição ideológica dos professores tem ganhado destaque no debate público. Em Brasília, um grupo de parlamentares articula a aprovação de uma lei – a Escola Sem Partido – que proibiria o docente de defender uma posição política dentro da sala de aula. O consenso entre os defensores do projeto é de que, especialmente na área de humanas, há uma doutrinação ideológica de esquerda por parte dos educadores. Mas, afinal, essa preferência política é mesmo verdade?
Há poucos estudos dedicados a mapear as preferências políticas dos professores. Um deles, entretanto, traz resultados significativos.
Uma dupla de pesquisadores dupla realizou um levantamento com 288 professores de História de países do Mercosul – Brasil, Argentina Uruguai e Paraguai – mais o Chile. Uma das perguntas do questionário foi em qual partido os docentes costumam votar nas eleições. Ao todo, 84,5% dos professores brasileiros disseram preferir siglas de esquerda ou centro-esquerda. O centro, a centro-direita e a direita, somados, corresponderam a 15,5% dos entrevistados.
Intitulada “Esquerda ou direita? Professores, opção política e didática da história”, a pesquisa tem como autores os educadores Caroline Pacievitch, professora de História da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Luis Fernando Cerri, professor de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Em nenhum dos países participantes a maioria dos professores de História disse votar em algum partidos de direita. Na Argentina, 46,83% preferem a centro-esquerda ou a esquerda, um índice semelhante ao encontrado no Paraguai. O grupo de professores ouvidos que votam na esquerda e na centro-esquerda, no Uruguai, é 100%, no Chile, 93,33%, e, na Argentina, 69,62%. Os argentinos e paraguaios, de acordo com o estudo, são os que mais tendem a votar à direita do espectro político – 30,37% dos participantes da Argentina demonstraram esse comportamento.
Fonte: Gazeta do Povo
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