Dois anos após o caso, ainda segue sem culpados o acidente com paramotor que tirou a vida do empresário Sandro Antonio Schons, que caiu de uma altura de 10 metros quando sobrevoava a praia do Calhau, em São Luís, no dia 14 de agosto de 2022.
A causa, segundo as investigações iniciais, foi uma linha de pipa com cerol que teria cortado parte do equipamento que Sandro usava. Ele tinha 52 anos, era experiente na prática do aeromodelismo, mas não resistiu à queda.
Desde a morte de Sandro, a irmã, Juliane Schons, busca cobrar das autoridades a elucidação do caso, assim como medidas mais fortes contra o uso da linha com cerol.
“Fiquei sabendo que teve outros casos assim. Continua acontecendo, já perdi meu irmão, e continua essa barbaridade, essa linha com cerol. Eu quero fazer alguma coisa a favor das pessoas que ainda estão nesse risco. Isso não me deixa calar”, conta Juliane.
No dia 25 de julho, um homem identificado como Francielton, que trabalhava como pedreiro, morreu após ter o pescoço cortado por uma linha de pipa com cerol no Residencial Tropical, em Açailândia. Segundo testemunhas, ele foi atingido quando voltava do trabalho, pilotando uma moto.
Após a morte, mototaxistas e familiares realizaram protesto exigindo fiscalização para evitar outras mortes pela linha com cerol. A Polícia Civil deve investigar o caso.

Familiares cobram por justiça após a morte de Franciel, por causa de uma linha de pipa com cerol — Foto: Reprodução/Redes sociais
Em São Luís, no dia 17 de agosto, familiares de Sandro Schons também se organizaram para realizar uma manifestação pelos dois anos da morte do empresário e por mais medidas contra usuários da linha com cerol.
O que diz a lei
No Maranhão, a Lei 11.821, de 12 de setembro de 2022, estabelece multa de até R$ 5 mil a quem descumprir a Lei 11.344/2020 que proíbe a comercialização da substância constituída de vidro moído e cola (cerol), da linha encerada com quartzo moído, algodão e óxido de alumínio (linha chilena) e de qualquer outro produto utilizado nessa prática que contenha elementos cortantes.
No entanto, na prática, ainda é comum encontrar usuários da linha com cerol nas praias e praças públicas livremente.
Na época do caso, em 2022, a Polícia Civil ouviu testemunhas, a esposa de Sandro e um bombeiro que ajudou a socorrer o piloto, assim que ele caiu. Ficou constatado que várias pessoas estavam empinando pipa na região, e, posteriormente, foram encontradas linhas com cerol junto ao equipamento.
Eduardo Jansen, delegado da região do São Francisco (9º DP) e que iniciou as investigações, enviou o equipamento de Sandro para perícia e também ficou constatada que linhas de pipa cortantes teriam causado a queda, mas o inquérito não avançou.
“O procedimento foi solicitado pela SPCC – Superintendência de Polícia Civil da Capital, não sendo concluído pelo 9º DP”, declarou o delegado.
Leônidas Oliveira, um instrutor de aeromodelismo que testemunhou a queda de Sandro, também informou ao G1 Maranhão que somente algo altamente cortante poderia ter danificado o parapente.
“Sem sombra de dúvidas e sem achismo. Ele [Sandro] voava com equipamento novo. A asa dele eu acho que tem quatro a cinco meses de comprada. Então não deve ter quebrado. Esse material eu nunca vi quebrar. É um material desenvolvido pela Nasa, o kevlar, usado até em colete balístico. Então é um negócio bem seguro para quebrar assim. Quando eu fui lá prestar os primeiros socorros, pude observar um conjunto de linhas [da asa] cortado mesmo, um tirante de linhas, do lado direito”, afirmou Leônidas, na época.
Questionada pelo G1, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP) também não dá respostas sobre como estão as investigações e se algum suspeito foi identificado. Familiares suspeitam que a polícia desistiu de investigar e o caso deve ser arquivado sem que haja um culpado.
“Eu tenho uma indignação muito grande, que parece que ninguém se importou com o caso, ninguém nunca se preocupou em saber de que forma foi, quem fez isso com meu irmão. (…) Ele era uma pessoa que não falava mal de ninguém, com um coração muito grande. Era e vai continuar sendo meu herói”, afirma Juliane Schons.
Morte trágica
Sandro era um entusiasta do aeromodelismo. Nas redes sociais, ele costumava postar vídeos voando pelas praias de São Luís. Por volta das 16h do dia 14 de agosto, ele caiu de uma altura de 10 metros, aproximadamente, e morreu ao chegar no hospital.
As imagens gravadas por uma testemunha mostram o piloto sobrevoando a praia, que estava bastante movimentada, até que, repentinamente, ele perde altitude e cai direto na areia. O corpo de Sandro foi sepultado no cemitério da Pax, em Paço do Lumiar. ( G1 )
+ There are no comments
Add yours