
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrenta um impasse para decretar a perda do mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) por faltas injustificadas. Embora o Regimento Interno determine que a ausência prolongada leva à cassação automática, a decisão só pode ser oficializada com a assinatura dos sete membros da Mesa Diretora — e Motta não tem, hoje, os votos necessários.
Eduardo não comparece ao trabalho desde março, quando deixou o país rumo aos Estados Unidos para evitar o mesmo destino político do pai, Jair Bolsonaro. No entanto, a crise política que se instalou na Câmara nos últimos dias fragilizou ainda mais a posição de Motta.
Segundo membros da própria Mesa, ao menos dois integrantes já se posicionaram contra a cassação: Altineu Côrtes (PL-RJ) e Elmar Nascimento (União-BA). Bastaria que mais dois se juntassem a eles para inviabilizar o processo.
A tensão se agravou após a votação que salvou os mandatos de Carla Zambelli — presa na Itália — e de Glauber Braga, que se envolveu em agressões nas dependências da Câmara. Para aliados, o resultado expôs a perda de controle de Motta sobre o plenário.
Nos bastidores, líderes avaliam que o presidente da Câmara cometeu um erro grave ao pautar votações sensíveis sem ter segurança dos votos. A avaliação é que ele foi “traído” ou demonstrou “amadorismo político”.
O episódio em que Glauber Braga tomou a cadeira da presidência e a reação violenta da segurança da Casa — que atingiu até jornalistas — ampliou a pressão pela saída de Motta. PT e PL já discutem um movimento conjunto para derrubá-lo, alegando que ele perdeu as condições de comandar a Câmara.
A situação deve se agravar na próxima semana, quando será analisado o caso de Alexandre Ramagem (PL-RJ), ainda pendente de votação.


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