
O relatório “Desafios de Inteligência – Edição 2026”, produzido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), aponta que a combinação entre o avanço do crime organizado transnacional, fragilidades institucionais e interferências externas representa um risco crescente à autonomia política dos países da América Latina. Segundo o documento, esse cenário pode servir como justificativa para intervenções estrangeiras sob o argumento de combate ao “narcoterrorismo”.
A Abin, responsável por assessorar o presidente da República com informações estratégicas, monitora temas como segurança de fronteiras, narcotráfico, terrorismo e possíveis ações de espionagem. O novo relatório avalia que a região vive um momento de pressões por alinhamentos internacionais, sendo alvo de potências que exploram dissidências políticas internas e o avanço de organizações criminosas para influenciar governos e minar sua soberania.
Embora o documento — divulgado em versão desclassificada — não cite diretamente países, a apuração da coluna indica que, em caráter reservado, a Abin já manifestou ao Palácio do Planalto preocupação com movimentos recentes dos Estados Unidos na região. A Polícia Federal compartilha da mesma avaliação e também encaminhou análises internas ao presidente Lula, apontando possíveis interesses financeiros por trás de ofensivas militares norte-americanas na América Latina.
O relatório ainda relaciona o cenário atual a episódios recentes no continente, nos quais tensões políticas internas e disputas por recursos estratégicos se sobrepõem a investidas militares ou pressões econômicas de grandes potências — especialmente dos EUA — sobre governos que tentam manter autonomia estratégica.


+ There are no comments
Add yours