Na manhã desta terça-feira (02), um grupo de pais de alunos da zona rural de Humberto de Campos compareceu ao Conselho Tutelar do município para formalizar uma denúncia contra a Secretaria Municipal de Educação. Segundo o documento registrado e assinado por diversas famílias, a gestão municipal comunicou que não fornecerá mais transporte escolar para estudantes residentes nos povoados, que antes se deslocavam até a sede do município para estudar.
Os pais afirmam que a alternativa apresentada pela Secretaria — matricular as crianças em escolas mais próximas de suas residências, como a Escola Municipal São Bernardo II — não é viável. Eles relatam que a unidade não possui estrutura adequada, funciona com turmas multisseriadas e reúne crianças de diferentes idades e séries em uma mesma sala, o que, segundo eles, prejudica o processo de ensino-aprendizagem.
Vídeos enviados à redação mostram os pais reunidos no Conselho Tutelar e também em grupos de discussão nos povoados, onde reforçam a necessidade de transporte escolar e reivindicam uma educação digna para seus filhos.
Em um dos áudios encaminhados pelos moradores, uma mãe desabafa sobre a situação:
“Em São Luís tem ônibus escolar, Passo do Lumiar tem, Raposa tem. Como é que aqui, que é bem menor, dizem que não podem disponibilizar ônibus para buscar as crianças do povoado? Em pleno 2025, isso não é aceitável.”, questiona a moradora.
Outro áudio revela que essa não é a primeira vez que as famílias recorrem à Justiça para garantir o transporte escolar:
“No começo do ano brigamos na Justiça, porque ele não queria ceder ônibus para levar os alunos. Dizem que é direito estudar na escola mais próxima, mas as escolas dos povoados estão com paredes rachadas, água de péssima qualidade, ensino precário. Não tem condição. Agora o secretário proibiu fazer matrícula, rematrícula e até transferência. Estamos indo para a promotoria amanhã para buscar uma resposta.”
De acordo com o documento entregue ao Conselho Tutelar, os pais não são contra matricular seus filhos em escolas dos povoados, desde que a estrutura seja adequada e o ensino oferecido atenda às necessidades das crianças. Eles afirmam que a recusa em oferecer transporte escolar coloca em risco o direito constitucional à educação.
Os pais também informaram que vão se reunir nesta quarta-feira, às 14h, na Promotoria de Justiça, para buscar providências do Ministério Público.
A população aguarda um posicionamento oficial da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Educação sobre a denúncia, enquanto a comunidade rural segue mobilizada em defesa do acesso dos alunos a um ensino de qualidade.


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